
Em dia de GP da Inglaterra, o bom inglês sabe que a melhor coisa durante a tarde é uma boa xícara de chá, uma turma de amigos apaixonados e o clássico Silverstone como palco da velocidade desde 1950. E para a festa ficar melhor, nada como um piloto caseiro vencendo a corrida. Assim foi nesse domingo, onde Lewis Hamilton teve de superar uma má largada com inteligência para levar a Mercedes a mais uma vitória na temporada, aumentando novamente a vantagem no campeonato.
Foi uma corrida movimentada do começo ao fim. Logo na largada, a dupla da Mercedes foi superada surpreendentemente pelas Williams de Felipe Massa e Valtteri Bottas, que pularam a frente sem titubear. No entanto, o começo de prova agitado foi freado nas viradas das primeiras curvas, quando um incidente entre as Lotus e as McLaren obrigou a entrada do safety-car logo de cara. O enrosco de Pastor Maldonado e Romain Grosjean acabou sobrando para Fernando Alonso, que se virou e acertou a lateral do carro do companheiro, Jenson Button. As duas Lotus e o inglês da McLaren abandonaram na hora.

Na relargada, Hamilton tentou pular a frente de Massa, logo após passar Bottas. Mas o brasileiro estava em um bom dia, usando de toda a experiência para segurar a poderosa Mercedes atrás dele. Durante as primeiras voltas, as Williams mandaram na prova, seguidas de perto pelas Mercedes de Hamilton e Nico Rosberg. Bottas mostrou que tinha estrela e partiu pra cima de Massa, numa briga quase que controlada pelos engenheiros do time de Grove.
Infelizmente, o que acabou matando o esforço das Williams a frente das Mercedes acabou sendo os pits. Determinantes em várias corridas do team no início dos anos 90, as paradas voltaram a dar a tônica contra os intentos de tio Frank. Primeiro com Massa, que demorou demais para parar e perdeu a ponta para Hamilton. Depois, quando a chuva deu o ar da graça na pista, perdendo a chance de um pulo do gato.

Pulo do gato mesmo quem deu foi a Ferrari, que, desaparecida na prova, conseguiu colocar Sebastian Vettel em terceiro lugar com uma parada bem antecipada na chegada da chuva. Massa foi para o quarto posto, sem mais chances, tendo as Mercedes de volta ao lugar de sempre (primeiro e segundo). No final, Hamilton soube usar bem as estratégias de pit para faturar mais um GP caseiro. Uma autêntica vitória cerebral dele e da Mercedes.
Massa fez uma boa corrida, infelizmente colocada por terra devido aos erros de estratégia da Williams. Terminou o GP elogiado pela empolgação e pelo esforço na grande fase que o time de Grove vive desde a Áustria. No entanto, para o xará da Sauber, Felipe Nasr, o fim de semana foi terrível. Novamente sofrendo com problemas, o brasiliense largou apenas em 16º e nem completou, tendo problemas com o cambio do carro ainda na volta de apresentação.

Os 10 mais – Corrida:
1 – Lewis Hamilton (Mercedes)
2 – Nico Rosberg (Mercedes)
3 – Sebastian Vettel (Ferrari)
4 – Felipe Massa (Williams-Mercedes)
5 – Valtteri Bottas (Williams-Mercedes)
6 – Daniil Kvyat (Red Bull-Renault)
7 – Nico Hulkenberg (Force India-Mercedes)
8 – Kimi Raikkonen (Ferrari)
9 – Sergio Pérez (Force India-Mercedes)
10 – Fernando Alonso (McLaren-Honda)
NL – Felipe Nasr (Sauber-Ferrari)
Os 6 mais – Campeonato:
1 – Lewis Hamilton (194)
2 – Nico Rosberg (177)
3 – Sebastian Vettel (135)
4 – Valtteri Bottas (77)
5 – Kimi Raikkonen (76)
6 – Felipe Massa (74)
11 – Felipe Nasr (16)
Rapidinhas:
– E quem diria! Mesmo com o toque na largada no próprio companheiro de equipe, Fernando Alonso somou um ponto. É mentira nenhuma o que você ouviu. Na corrida comportada que fez com a McLaren, dentro das limitações do motor Honda e do carro, o asturiano fez uma prova de chegar e foi beneficiado com tantas paradas nos boxes. Resultou no primeiro ponto dele na temporada, que não pode ser deixado de considerar-se como uma vitoria ante os problemas do time de Working. Ao menos, algo a se comemorar no GP caseiro.

– O calvário da Red Bull em 2015 parece não ter fim mesmo, mas um boato parece dar luz a uma nova perspectiva para a equipe austríaca para o próximo ano. A informação é da revista britânica Autocar e diz que a tradicionalíssima Aston Martin, força maior nos mundiais de endurance, parece estar próxima de um acordo de parceria técnica com a RBR para o fornecimento de motores. Traz a galope também 5% de Mercedes, já que os alemães são donos desta porcentagem da célebre montadora britânica. Uma notícia que chega com força, já que a Red Bull não esconde de ninguém a insatisfação rasgada com os engenhos franceses. Não seria a primeira vez da Aston Martin na categoria máxima. Eles já estiveram na F1 entre 1959 e 1960, sem somar nem sequer pontos.

– E não é só a Aston Martin que quer voltar. A Renault também arregaça as mangas nos bastidores e pretende, novamente, tomar a Lotus como equipe oficial da fábrica. Segundo o site francês Autonewsinfo, a montadora francesa vai comprar a maior parte das ações da equipe para retomar o controle do team. Retomar mesmo, afinal a atual Lotus surgiu justamente da antiga Renault. E o negócio já é para 2016. O motivador? O mais óbvio…o descontentamento da Red Bull com os propulsores franceses.

– Chuva em Silverstone? Ora, nada demais…chover na tradicional pista britânica é rotineiro e torna as corridas no velho aeroporto da Segunda Guerra muito mais emocionantes e…confusas. Afinal, há exatos 40 anos, em 1975, foi assim que Emerson Fittipaldi venceu a última corrida na F1, enfrentando uma forte chuva que colocou nada menos do que 12 botas fora da pista na mesma curva – a Stowe – no momento da chuva. A corrida também marcou a última aparição de Graham Hill num bólido de F1, em uma volta de exibição com o carro da própria equipe. Ele morreria em novembro do mesmo ano, em um acidente aéreo.

– E perdido em outras atividades e compromissos, peço mil desculpas aos amigos aqui do FAROL por não ter dado destaque a grande conquista do Brasil na promissora Formula E. Superado definitivamente dos azares e suspeitas nos tempos da Renault de Flávio Briatore na F1, Nelsinho Piquet voltou a erguer um título mundial, tornando-se o primeiro campeão da F-E na história. A conquista veio com uma corrida combativa (largando em 16º), mas inteligente, nas ruas apertadíssimas de Londres. Ainda mais, Piquet contou com a ajuda de um…Senna! Isto mesmo, Bruno Senna segurou a unha o rival de Nelsinho na disputa, o francês Sébastien Buemi, da e-DAMS, que tem como co-diretor um certo…Alain Prost. Os melhores momentos da disputa? Veja ai! (Corrida 2, a final)
Não da pra mentir, após Senna em 1991 e as conquistas em Indy, é a maior vitória de um brasileiro no automobilismo mundial em muito tempo. E logo vinda de um Piquet, que teve todas as adversidades possíveis pela frente para poder conquistar esta façanha. Parabéns a Nelsinho, e vida longa na F-E!
A F1, agora, dá uma parada de três semana e regressa no dia 26 de julho, no outro lado da Europa. É a vez da travada, quente e empolgante (será?) pista de Hungaroring, para mais um GP da Hungria. Ate lá!