No início da faculdade, um amigo perguntou-me sobre a possibilidade de uma nova crise colocar o Brasil em um abismo econômico e social. Rebati de primeira: “A democracia e a constituição não irão permitir”. Nunca estive tão errado, um destino extremamente incerto aguardava o país.
O assombroso futuro descortinado em minha frente assustou-me imensamente. A insana crise gerou atitudes desesperadas por parte da população: a volta dos militares voltou para a pauta dos eufóricos por mudanças. Não é de hoje que o Brasil vive uma eterna adolescência em que o ardente e irresponsável desejo pelo fim da democracia se mostra na luz do dia. Lama e esgoto também fizeram parte dos anos 60 em que a grande greve dos caminhoneiros misturada com manifestações conservadoras derrubaram um governo frágil que foi tomado pelos militares. A segunda parte da tragédia todos conheceram.
Dessa forma, a profunda esperança por salvadores da pátria vaidosos não devem permitir mudanças irresponsáveis. O fim da democracia e a volta das ilusões armadas é um desastre de grandeza preocupante. Chegou o momento de teimar e afirmar que o único caminho existente é o da democracia e da participação social, os pequenos empresários e trabalhadores não aguentam uma nova paralisia gerada pela incerteza e instabilidade.
Não há soluções mágicas e muito menos governantes milagreiros. A saída da crise é pela democracia. As revoluções no espírito democrático traduzem mais direitos, mais garantias e mais progresso econômico. Qualquer revolução fora das regras do jogo traduz incerteza e gera a intolerância típica dos governos ditatoriais. O caminho seguro a se seguir é usar a ampliação da participação popular como forma de revolução social. De acordo com Robert Dahl, os direitos estão em blocos necessários para a construção de um governo democrático.
Este é um momento decisivo para a crise de identidade que o Brasil vive. Cuidemos para que vaidades ideológicas não sejam o apagar de luzes da democracia.