Seria mais um prédio de Copacabana, Rio de Janeiro, se não fosse o local do atentado da Rua Tonelero,180 em 05 de agosto de 1954, que selou o fim da era Vargas. O atentado contra Carlos Lacerda ganhou importância histórica por se tornar o fato que constituiu o marco da derrocada do presidente da República Getúlio Vargas, que culminou com o seu suicídio, dezenove dias depois.
“Mas, perante Deus, acuso um só homem como responsável por esse crime. Este homem chama-se Getúlio Vargas”. Com estas palavras Carlos Lacerda acusou o então presidente da República de ser o autor do atentado e foi o estopim para a crise no governo que culminou com o suicídio do governante.
O jornalista e político estava chegando em sua casa, na rua Tonelero número 180, em Copacabana, depois de um comício, quando vários tiros foram disparados em sua direção. Lacerda estava acompanhado de dois oficiais da Aeronáutica e de seu filho. Uma das balas atingiu fatalmente o oficial Rubens Vaz e outra, motivo de especulações até os dias atuais, teria acertado o pé do principal opositor de Vargas.
“Carlos Lacerda era um homem absolutamente teatral. Até hoje não é possível reconstituir, em uma narrativa única, pronta e acabada, todas as circunstâncias daquela trágica madrugada de 5 de agosto” afirma o jornalista Lira Neto, autor da biografia sobre Getúlio Vargas. “As várias versões são contraditórias, incompatíveis entre si. O próprio Lacerda, ao longo do tempo, em situações distintas, narrou o episódio de diferentes maneiras, ajudando a tornar a história ainda mais nebulosa”.
O desaparecimento do prontuário do hospital, que poderia atestar se o jornalista teria ou não sido realmente ferido no pé, só complicou ainda mais o esclarecimento do caso, afirma o jornalista Lira Neto.
Fonte: O Globo.