Já faz algum tempo que o roteiro da F1 está travado no mesmo molde, merecido por sinal. Lewis Hamilton começou em segundo no grid e acabou a prova na fria Rússia com mais uma vitória, a 42ª da carreira, superando Ayrton Senna e igualando Sebastian Vettel nas estatísticas e o levando ainda mais perto do sonhado (e já demorado para ser entregue) tricampeonato da categoria. No entanto, se lá na frente tudo estava decidido, o resto do pelotão que disputou a peleja no Parque Olímpico de Sóchi protagonizou bons lances e movimentou uma corrida que parecia fadada a monotonia.
Era crucial que Nico Rosberg vencesse a prova para continuar com “concretas” chances de título diante do companheiro. Parecia o fazer bem logo na largada, confirmando a primeira posição conquistada nos treinos de sábado. No entanto, o alemão foi novamente pego pelo azar, ficando sem embreagem durante a prova. Rosberg ainda teve de assistir a boa corrida do contendor pelo vice-campeonato, Vettel, que voltou a fazer bonito com a Ferrari e subiu ao terceiro lugar. Na tabela de pontos, o alemão de Maranello agora é o vice-líder, mas ainda enxerga Hamilton de binóculos.
Uma saudável “salada” em Sóchi
A corrida, que tinha tudo para ser a normal e burocrática troca de posições tomou outro rumo depois que Romain Grosjean protagonizou o segundo susto do fim de semana. O primeiro foi de Carlos Sainz Jr., da Toro Rosso, num violento acidente no treino livre da manhã que quase o tirou da prova). A Lotus saiu torta de uma das curvas do circuito, acertando em cheio a barreira de proteção.
Com a entrada do safety-car, muitos pararam antes, de forma oportuna, o que transformou a prova numa salutar “salada” do terceiro para trás. Valtteri Bottas fazia uma ótima corrida com a Williams, que acabou sendo podada depois de uma péssima troca do time de Grove. Determinado, o jovem finlandês teve de usar todas as formas possíveis para retornar ao pódio, enfrentando também a pressão do “velho” finlandês do grid, a Ferrari de Kimi Raikkonen.
Juntos, os finlandeses protagonizaram os melhores momentos da prova pós-safety car. Ambos colaram especialmente depois da parada de Raikkonen, que voltou embutido atrás do compatriota. Juntos também suplantaram Daniel Riccardo e Sergio Perez, mas juntos também foram a ruína. Numa tentativa final de passar a terceiro, Raikkonen forçou em cima de Bottas na última volta.
O finlandês da Williams tentou segurar mas foi tocado e jogado fora da pista, jogando fora uma grande atuação em Sóchi. Raikkonen ainda se arrastou com a suspensão quebrada para o quinto lugar. No entanto, após a prova, a manobra foi a causa de punição já esperada do piloto ferrarista, que perdeu a colocação. Para selar a desgraça do “iceman”, a punição também tirou pontos da Ferrari, que assistiu assim a Mercedes confirmar o título de campeã de construtores de 2015
Dos embates pelo pódio, o sobrevivente da contenda foi Sérgio Perez, que levou a Force India ao primeiro e, até agora, único pódio do team na temporada. Regular desde as últimas provas, marcando muitos pontos, o mexicano fez por merecer o terceiro lugar depois de segurar e se dobrar, literalmente, na briga de Bottas com Raikkonen. Na tabela de classificação, a diferença para o companheiro, o alemão Nico Hulkenberg, é grande, tirando da sombra feita pelo parceiro especialmente depois da conquista de Nico em Le Mans.
O fim de semana também foi positivo para Daniil Kvyat, que correu pela primeira vez diante da torcida russa. Fazendo uma prova de recuperação, o jovem eslavo andou firme e garantiu uma boa sexta posição, mesmo numa prova mais apagada do que a do companheiro Daniel Riccardo, que esteve nas batalhas pelo pódio, mas acabou abandonando com problemas no engenho Renault do Red Bull.
Vale ressaltar que a equipe austríaca passa por um momento crucial que deve ter o desfecho no fim de outubro. O team busca, novamente, se firmar com a Renault depois de ter as negativas de Ferrari e Mercedes. A ameaça de sair da categoria segue muito acesa, embora Bernie Ecclestone, o “chefão” da F1, afirme que a situação está “resolvida”. Novos desdobramentos virão.
Outra que teve um fim de semana mais tranquilo depois de turbulências foi a McLaren, que assistiu Jenson Button entrar na zona de pontos, em nono lugar. Os pontos trazem alento ao time de Working, que assiste uma melhora gradual, embora lenta, dos engenhos japoneses da Honda e do próprio equipamento, mesmo agora trabalhando com os pés no chão. Depois de “disparar” novamente contra a equipe durante a prova, Fernando Alonso completou o GP em décimo, mas recebeu punição por exceder os limites da pista, caindo para 11º.
Brasileiros aparecem bem e contam com a sorte
Entre tantas bolas divididas, a corrida se apresentou bem para os brasileiros, mesmo depois de um treino sofrível no sábado. Felipe Massa pode ser dito como o sortudo do fim de semana. Depois de largar em 15º, o brasileiro da Williams teve de pelejar em uma prova de recuperação, que se mostrou um pouco apagada de princípio. No entanto, com os abandonos de Carlos Sainz Jr, Daniel Riccardo e Valtteri Bottas, somando-se ainda o problema de Kimi Raikkonen depois do toque com Bottas, Massa foi do oitavo ao quarto lugar num piscar de olhos. Foi um prêmio um tanto merecido depois de tantas atribulações.
Já para Felipe Nasr, o GP foi extremamente positivo, terminando numa boa sexta posição, aproveitando-se da salada nas estratégias de pit e da punição dada a Raikkonen no pós-GP. Há algumas corridas fora dos pontos, Nasr soube usar-se bem das bolas divididas e chegou até a andar em terceiro lugar durante a prova. Bons presságios para o brasiliense da Sauber, que ainda se bate com os problemas de equipamento do carro suíço.
Os 10 mais – Corrida
1 – Lewis Hamilton (Mercedes)
2 – Sebastian Vettel (Ferrari)
3 – Sergio Perez (Force India-Mercedes)
4 – Felipe Massa (Williams-Mercedes)
5 – Danill Kvyat (Red Bull-Renault)
6 – Felipe Nasr (Sauber-Ferrari)
7 – Pastor Maldonado (Lotus-Mercedes)
8 – Kimi Raikkonen (Ferrari)
9 – Jenson Button (McLaren-Honda)
10 – Max Verstappen (Toro Rosso-Renault)
Os 6 mais – Campeonato
1 – Lewis Hamilton (302)
2 – Sebastian Vettel (236)
3 – Nico Rosberg (229)
4 – Kimi Raikkonen (123)
5 – Valtteri Bottas (111)
6 – Felipe Massa (109)
13 – Felipe Nasr (25)
Isto feito, a F1 sai do frio da Rússia pra encontrar-se no calor de outono dos Estados Unidos. A próxima prova da categoria é no Circuit of the Américas, em Austin, no Texas, no dia 25 de outubro. E os melhores momentos e comentários da F1 de Blumenau estão aqui no FAROL.