segunda-feira, 7 de outubro de 2024
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A bicicleta e o benevolente

Eram uma, duas, três, quatro. Pareciam crianças em época de natal, um presente em mãos e longas férias de verão pela frente.

O detalhe, sutil, era que elas não eram crianças, eram mulheres de meia idade no fim do expediente. Uma, a que possuía o uniforme mais amassado, tinha acabado de ganhar uma bicicleta, era usada, mas ainda era divertido. As outras ficavam lá, em volta, gargalhando ao vê-la, desajeitadamente, andar pelas ruas da cidade adormecida.

A risada de um criança com um adulto não muda, a alegria mágica e religiosa diverte vai do nascimento a morte faz a vida valer, é daí que percebe-se o que realmente é importante.

Voltando…

As mulheres de lá não gostavam de seus trabalhos, ficavam cansadas atendendo os ricos da sociedade, era aquela sociedade que oprimia os atendidos e os atendentes. .

Os ricos que iam diariamente no café geralmente perdiam muito cabelo, sofriam pressões e enlouqueciam ao querer ser os melhores.

Eles queriam, levar uma vida tranquila e banal como elas. Elas, queriam levar a vida entusiasmante deles.

Um certo dia um deles ouviu que pegava bem fazer caridade, pegava bem ter a reputação benevolente, como se fosse Madre Teresa ou coisa do tipo, pois bem, pensou, pegou uma bicicleta velha e antiga que seus filhos trocaram por carros e motos e doou para aquelas que sempre o atendia.

Perto da noite, espiou para ver se elas não tinha vendido objeto da a caridade que foi dada com tanto gosto. Esperou de longe as outras saírem do trabalho. Não há viu sair pedalando na hora, só viu a risada daquelas mulheres de meia idade uniformizadas.

Estava satisfeito, era um homem benevolente, podia pecar e julgar quanto quisesse.

Felipe Gabriel Schultze
Felipe Gabriel Schultze
Formado em Direito, escreveu os livros 'Federalismo Brasileiro' e 'Sede de Liberdade'. Escreve sobre reflexos do cotidiano.
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