Os asfaltos faziam o dia quente ultrapassar os níveis normais de conforto. Blumenau é uma cidade quente e contornada por um rio não muito confiável. Nunca gostei do verão, sempre achei essa obrigação de ser feliz na praia e extremamente saudável um pouco excludente. Em um destes quentes dias eu voltava para casa reclamando a cada minuto do calor.
A questão é: nunca gostei do calor e provavelmente nunca vou gostar. Esse é um fato consumado e Freudiano da resistência da mudança. Mas nós, ao decorrer da vida, desapegamos de muitos valores ao longo da caminhada, conclusão: nós mudamos.
Apesar de existirem aspectos enraizados de costumes que nunca vão mudar, o que nos forma muda.
A vida muda, mortes acontecem, doenças aparecem, amores são roubados, acontecem milagres e vitórias,demissões e nascimentos, vida e morte, enfim, todos os aspectos resultam no que somos e como agimos. Nos tornamos elásticos e maleáveis as mudanças que a vida traz. Sem erros e acertos, no fim, nos tornamos o resultado da soma de nossas experiências.
Quando se vive a vida acho difícil se manter monocromático. Se está na chuva é para se molhar. É preciso ser volátil e não ficar preso dentro de uma versão de si mesmo.
Podem haver mudanças conscientes, como aprender com as situações, ou as mudanças inconscientes, estas, perigosas. Podemos nos tornar uma caricatura daquilo que fomos nos passado e seres imaturos que pensam ser o oposto disso.
Toda mudança dá medo, é ser jogado ao desconhecido. Aqueles que estão ao nosso lado, são velhos guerreiros por aguentar nossas transformações, porque apesar das mudanças, o costume chato de ranger os dentes continua lá.
As mudanças acontecem mesmo se passarmos a vida reflexivos absorvendo os fatos.
Sabe-se que para um mundo mais equilibrado é necessário nos auto avaliarmos e auto criticarmos, mudar é preciso para evoluirmos como seres humanos. Apesar de esta ser a filosofia máxima do budismo e do espiritismo, é uma filosofia válida para quem quer mudar o mundo, mas sem pretensão.