terça-feira, 23 de abril de 2024
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Uma epidemia semeou a discórdia entre amigos e irmãos

Na primavera de 1789, uma situação de falência nacional obrigou Luiz XVI a convocar os Estados Gerais, pela primeira vez em 175 anos. O desejo de mudança por parte do terceiro estado (burguesia) logo criou um impasse político nesse corpo parlamentar. Ao mesmo tempo o fracasso das colheitas e a fome criaram uma frustração generalizada, seguida por inúmeras insurreições locais. Na manhã de 14 de julho de 1789, uma multidão retirou 32.000 rifles do Palácio dos Inválidos.

Havia começado a REVOLUÇÃO FRANCESA. No dia seguinte a queda da Bastilha, Luiz XVI descartou esse acontecimento como um “tumulto”. Estava enganado, dezenas de milhares de vidas acabaram sacrificadas na “navalha nacional” como passou a ser chamada a recém-inventada guilhotina. O auge do terror durou um ano e assistiu a execução de 40 mil vidas. Os cidadãos voltavam-se cada vez mais contra seus vizinhos e amigos. Cerca de 300 mil pessoas foram denunciadas como “suspeitos”. Muitos destes suspeitos foram presos e alguns foram massacrados por multidões em busca de vingança. Em conformidade com a teoria marxista, a revolução Francesa tem sido vista como uma clássica luta de classes. Um equívoco. O que separou os girondinos dos montanheses não foi a classe social ou qualquer outra diferença social evidente.

Alguns participantes da Revolução Francesa tinham uma aguda consciência de que os conflitos não se pautavam nas linhas que dividiam as classes. Ao contrário, a revolução parecia uma epidemia, semeando a discórdia entre amigos e familiares. A revolução parecia com Saturno, devorando sucessivamente todos os seus filhos. A Revolução que queria derrubar o despotismo acabou criando uma nova tirania.

Sérgio Campregher
Sérgio Campregher
Sérgio Campregher é historiador pela Uniasselvi/Fameblu e fala sobre política nacional e internacional e curiosidades. Escreve de Blumenau.
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