O Sindicato Único dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Blumenau (Sintraseb) decidiu em assembleia entrar em greve na quarta-feira (21). Na mesa de negociação a principal reivindicação é a reposição de perdas salarias que giram em torno de 30% da folha e que foram acumuladas entre 1997 e 2004.
Na sexta-feira (22) uma Liminar do Tribunal de Justiça do estado determinou que os servidores que atuam nos Centros de Educação Infantil e nos serviços de saúde retornem ao trabalho em 24 horas sob multa de R$ 50 mil por dia no descumprimento.
E para saber o que acontece daqui pra frente, o Farol Blumenau entrevistou a coordenadora do Sitraseb, Sueli Adriano.
FB: Em assembleia, os servidores decidiram rejeitar a proposta de reajuste do governo, que por sua vez alega não ter condições de bancar a reposição. Existe margem de negociação para repor apenas uma parte das perdas ou o sindicato é irredutível?
Sueli: Os servidores cobram uma política de recuperação das perdas. Uma proposta de como a prefeitura irá recompor as perdas salariais. Sempre esteve claro na mesa de negociação o parcelamento desta dívida. A prefeitura fechou o ano de 2013 comprometendo 45% da receita corrente líquida com gastos de pessoal. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) diz que os governos têm um limite de gastos, de 51,3% pudencial e 54% como teto máximo. Portanto, há condições de avançar na proposta econômica sem ferir a lei. Com esta margem, de acordo com o DIEESE, o município poderia reajustar em até 13% no limite prudencial, podendo chegar a 19% no limite máximo.
FB: O Executivo alega que está aberto a conversa, isso é real?
Sueli: O que servidor deseja é uma proposta concreta. É preciso avançar para além do discurso da falta de recursos e de limites da lei.
FB: Já houve uma contra-proposta para por fim a greve?
Sueli: Não. Mas esperamos que o prefeito tenha bom senso, honre os compromissos assumidos em campanha, e apresente uma contra-proposta.
FB: Considerando a possibilidade de a greve se estender mais que o esperado, você não acredita que os servidores e a greve possam perder o apoio da população?
Sueli: A greve traz prejuízos a todos. O movimento é legítimo, organizado dentro de nossa data base para negociação anual. A greve é pela qualidade do serviço público, que passa pela valorização efetiva dos servidores. Estamos exercendo nossa cidadania, cobrando direitos e promessas de campanha. Esperemos continuar contando com o apoio da comunidade.
FB: A justiça ordenou volta ao trabalho sob pena de multa, mas o sindicato manifestou que a greve continua. Existe plano para minimizar o impacto para o cidadão?
Sueli: Seguiremos rigorosamente a lei de greve, mantendo os serviços essenciais nela descrito.