quinta-feira, 28 de março de 2024
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Quem matou Marielle?

Houve uma tentativa barulhenta de silêncio. Em uma noite abafada de quarta-feira, motivados por interesses obscuros, silenciaram a voz da ativista e vereadora Marielle Franco. Não esperavam, porém, que  sua morte ecoaria pelos cantos do país.

Quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro, Marielle era voz ativa na comunidade. Lutava contra os palácios e seus privilégios.  Defensora dos direitos humanos, era crítica ferrenha da atuação de policiais que agiam fora da lei. Na última  semana, a vereadora denunciou abusos cometidos por policiais do 41º BPM  de Acari. Marielle e seu motorista Anderson, que tristeza, foram executados.

A democracia ficou de joelhos sangrando estarrecida. O Brasil encarou sua morte com medo, dor e espanto.

A resolução do crime é uma questão de honra para a sociedade. Marielle foi sinônimo de resistência. Foi negra, mulher e feminista. Enfrentou a casa grande e lutou. Apesar de sua condição social estar nas estatísticas daqueles que mais morrem com a criminalidade de acordo com a Unesco,  não deve ser negado o fato que sua luta e sua resistência podem ter sido os reais motivos da execução. De acordo com o Site El País, a ONG Centro Pela Justiça e o Direito Internacional chamou a atenção para a gravidade que a morte da vereadora representa: “Entendemos que os fatos prescindem de um tratamento diferenciado de um crime comum, decorrente da violência urbana cotidiana”. De acordo com a Anistia Internacional, Marielle Franco é reconhecida por sua histórica luta por direitos humanos, especialmente em defesa dos direitos das mulheres negras e moradores de favelas e periferias e na denúncia da violência policial. De acordo com a organização, não podem restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e autoria do assassinato de Marielle Franco.

O legado de Marielle é a resistência e não será esquecido.  Sua morte é consequência do gatilho invisível que o Estado dispara. Neste momento, fazer nada não é uma opção.

A vida ao nosso redor se mostra opressora. Se nos conformarmos, tal ato será legitimado de forma tácita. As consequências disso podem  trazer o fim de mais Marielles e o apagar de luzes da democracia.

Marielle, Presente.
Anderson, Presente.

A luta não pode ser perdida.

Felipe Gabriel Schultze
Felipe Gabriel Schultze
Formado em Direito, escreveu os livros 'Federalismo Brasileiro' e 'Sede de Liberdade'. Escreve sobre reflexos do cotidiano.
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