sexta-feira, 19 de abril de 2024
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Porque nossa economia não sai do lugar?

Quando o comunismo desmoronou na Europa Oriental, muitas pessoas envolvidas teriam gostado de salvar algumas coisas dele. Lech Walesa por exemplo, o herói da mudança de sistema na Polônia, sonhava com um modelo econômico que combinasse a eficiência e o bem estar proporcionado pelo capitalismo com a segurança social do comunismo.

Trabalhar como poloneses, mas viver como os japoneses – os economistas do mundo oriental sorriam com estas idéias em 1990. Hoje a economia de alta renda da Polônia é considerada uma das mais saudáveis dos países pós-comunistas e é uma das que mais cresce dentro da União Européia.

Por ter um mercado interno forte, baixo endividamento privado, moeda flexível e não ser dependente de um único setor de exportação, a Polônia é a única economia européia que conseguiu evitar a recessão de 2008/2009.

Desde a queda do governo comunista, a Polônia tem seguido uma política de liberalização da economia. É um exemplo do processo de transição de uma economia planificada para uma economia essencialmente baseada no mercado.

Shopping Krzywy Domek, Sopot, Polônia (Topory)
Shopping Krzywy Domek, Sopot, Polônia (Topory)

Um programa de terapia de choque, iniciado em 1990, permitiu ao país transformar sua economia planificada de estilo socialista em uma economia de mercado. Os poloneses vivem como poloneses.

Reviravolta econômicas modificaram este cenário na Europa

Na Alemanha, porém, a economia social de mercado superou estes obstáculos, proporcionando por muitos anos ao país o título de “campeão mundial de exportações”. Hoje a exportação de bens produzidos na Alemanha é um dos principais fatores da riqueza alemã.

Duas décadas após a reunificação alemã, os padrões de vida e renda per capita permanecem significativamente mais elevados nos estados da antiga Alemanha Ocidental do que nos da Alemanha Oriental.

A modernização e integração da economia da Alemanha Oriental continua sendo processo a longo prazo programado para durar até o ano de 2019, com transferências anuais do oeste para o leste no valor de aproximadamente 80 bilhões de doares.

A Alemanha combinou prosperidade econômica com justiça social de uma maneira tão intensa que não se encontram paralelos no mundo.

O papel do Estado no desenvolvimento da economia

Uma das tarefas mais importantes do Estado é garantir a existência da livre competição. Se o Estado fracassa neste campo, a economia social de mercado desmorona muito em breve, como ocorre hoje na Bolívia, Venezuela e Argentina.

O bem-estar para todos e o bem estar através da competição, são duas coisas inseparáveis: o primeiro postulado caracteriza a meta, o segundo, o caminho que leva a esta meta. A política cuida para que a economia procure que as pessoas vivam bem. O mercado torna-se bom ou ruim pelas regras que lhe são impostas.

Um dos fatores centrais do sucesso da economia de mercado é a participação de partidos políticos que não lutem contra o progresso e sim num elevado interesse e no incremento da produtividade. A política cuida de que as pessoas durmam bem, deixando de resto o curso completamente livre a economia.

Neste conceito abriga-se uma idéia não tão ideológica, e sim mais pragmática de economia de mercado.

O estado do bem estar no Brasil

O mercado em si não é nem bom, nem mau. Ele se torna bom ou mau, eficiente ou improdutivo pelas regras que lhes são dadas. Essa regressão é dada pela política. É tarefa da política dar a economia o direcionamento intelectual, espiritual e material. E isto é assunto da sociedade.

Se este direcionamento é verdadeiro e atualmente é uma das principais tarefas da política brasileira é preciso se perguntar: existe uma economia social de mercado em pleno desenvolvimento no Brasil? 20 anos depois de Fernando Henrique Cardoso, 11 anos depois de Lula, pouco se nota da dinâmica que caracterizou os programas sociais de transferência de recursos.

Hoje há sinais de emperramento da máquina estatal por razões de direcionamento político. A exigência de garantir as mesmas condições de vida em todo o Brasil não é mais financiável devido a estagnação do produto nacional.

Debates a respeito do futuro direcionamento da política econômica e social exaltam os ânimos. É raro no Brasil encontrar alguém que ainda propugne a posição classicamente liberal. Em lugar disso, os partidos e instituições no Brasil sugerem e colaboram na adaptação do sistema social.

Terão coragem de afirmar que serviços são imprescindíveis? Quais pode ser suprimidos? Que medidas de incentivos errados, devem ser suprimidos ou reformulados?

Um mercado interno forte, baixo endividamento da máquina pública e não ser dependente de um único setor de exportação modificaram a estagnada economia da Polônia. Em 1989 a economia polonesa era uma das mais decadentes e incompetentes do bloco soviético. Em 2009, o país apresentou o maior crescimento do PIB na União Européia – 1,6% .

Exemplos que podem modificar o quadro econômico no Brasil.

Kolejka
População polonesa esperava horas nas filas para conseguir produtos básicos (1980) (Reprodução/Domínio público)
Sérgio Campregher
Sérgio Campregher
Sérgio Campregher é historiador pela Uniasselvi/Fameblu e fala sobre política nacional e internacional e curiosidades. Escreve de Blumenau.
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