Foram quase 19 horas ininterruptas de sessão e a base do governo se esforçou para vencer a obstrução dos oposicionistas que levou até as 5 da manhã a sessão do Congresso Nacional que discutiu a mudança no cálculo do superavit (PLN 36/14). No entanto, o faltou quórum para votação da última emenda.
O líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), disse que o governo saiu vitorioso mesmo sem liquidar a questão. “Nós nadamos, nadamos e chegamos ao nosso objetivo. Falta a votação de um único destaque que facilmentes vamos fazer na terça-feira“, disse.
O líder da Minoria, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), prometeu obstrução ferrenha, mas reconheceu que dificilmente a oposição conseguirá prolongar a votação na semana que vem. “Estamos numa missão de resistência para alertar o povo brasileiro e agora ganhamos o final de semana para continuar a oposição a essa mudança“, afirmou.
A sessão iniciou-se às 10h20 da quarta, mas o texto-base da alteração da meta só foi aprovado às 3h45 de quinta-feira. Nesse período, foi necessário votar dois vetos pouco polêmicos – processo iniciado à 13 horas, mas que só foi encerrado às 18 horas – e ainda um projeto que liberou R$ 240 milhões para garantir pagamentos de benefícios do fundo Aerus.
Houve momentos de discussão intensa, intervalos de calmaria e momentos de descontração entre os parlamentares. O clima esquentou quando o candidato derrotado à presidência, Aécio Neves, acusou o governo de comprar apoio parlamentar da base com um decreto que vincula a liberação de emendas parlamentares à aprovação da mudança na meta. “Os senhores que votarem a favor desta mudança valem R$ 748 mil. Esta é uma violência jamais vista nesta Casa“, disse Aécio.
Galerias fechadas
A oposição também elevou o tom contra o presidente do Congresso, Renan Calheiros, que decidiu barrar a entrada de manifestantes depois do tumulto da sessão da terça-feira. Isso não impediu que os populares protestassem na entrada do prédio, fazendo apitaço e gritando palavras de ordem contra o governo.