quinta-feira, 28 de março de 2024
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Marcha da Família: 50 anos depois, o retorno

Neste sábado (23) acontece em algumas regiões do país a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. É na verdade um resgate do evento que reuniu milhões de brasileiros na década de 60 pedindo a destituição do governo de esquerda do presidente João Goulart.

As semelhanças entre 1964 e 2014 são intrigantes: o governo é de esquerda; a marcha é convocada com apoio de igrejas; a política exterior do país é próxima a governos ditatoriais e o cenário político mundial volta a ter forte disputa polar entre Estados Unidos e Rússia.

Surpresas da história

Na mídia, a reedição da marcha é satirizada quase de uma forma geral. Em 1964, a grande mídia teve um papel importante na deposição devido a crença de uma ameaça comunista em um mundo que se dividia entre EUA e URSS.

Governos que aceitaram o apoio da União Soviética na época estão a beira do colapso. Líbia, Egito e o Iêmen tiveram os ditadores derrubados. Na Síria a guerra civil já matou mais de 120 mil pessoas. Mesmo assim, Moscow mantém apoio ao ditador.

No do Egito, o país caiu nas mãos dos militares para convocação das eleições, algo louvado pela mídia mundial. Mas o cenário mundial e interno conturbado no mundo deixou a política do Brasil frágil em 64. A ascensão ao poder que era para ser curta, se estendeu por muito mais tempo do que deveria.

Ernesto Geisel (Governo do Brasil)
Ernesto Geisel (Governo do Brasil)

“Se é a vontade do povo brasileiro eu promoverei a Abertura Política no Brasil. Mas chegará um tempo que o povo sentirá saudades da Ditadura Militar. Pois muitos desses que lideram o fim da ditadura não estão visando o bem do povo mas sim seus próprios interesses.” Ernesto Geisel 

O curioso é que o fim, em 1985, foi negociado, assim como em todos as outras intervenções dos militares. Com apoio popular os militares destituíram o imperador Dom Pedro II, acenderam Getúlio Vargas ao poder em 1930 e depuseram o presidente que se aproximava o Brasil do comunismo, Goulart.

Mas porque a rejeição por um golpe é tão forte? Com 32 partidos oficiais, a política foi futilizada por meandros democráticos. E apesar de 77% da população desaprovar a saúde e 74% a falta de segurança, uma coisa é certa: os que lutaram contra os generais agora estão no poder e dão as cartas.

Filipe Rosenbrock
Filipe Rosenbrock
Jornalista e analista de dados! Um dos criadores do Farol Blumenau
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