O elevador, velho guerreiro, demorava para chegar ao seu destino. Meu corpo sinalizava a impaciência, andando de um lado para o outro. Não sei se foi minha distração ou meu pensamento que estava na papelada em cima da mesa no terceiro andar, mas de repente apareceu uma “colega de corredor”. Os colegas de corredores são pessoas que você só conversa no corredor, mas sempre te passa uma energia boa ou algum conselho necessário. Conversamos, trocamos piadas e falamos tudo que era possível conversar em dois minutos. O elevador chegou, cada um seguiu seu caminho de forma mais leve.
Esse simples fato que me ocorreu é a demonstração de quanto as pessoas são importantes em minha vida, chega a ser uma questão de sobrevivência emocional. Ainda não estou preparado para viver sem elas.
Eu não daria conta da vida e de suas obrigações sem o amor de minha família, os desabafos aos meus amigos e as conversas de corredor. Faria mil vezes mais erros sem aquela bronca da amiga querida ou dos olhares repressivos de familiares próximos.
Tento não ser tão exigente, mas quando eu gosto, eu gosto mesmo. Respeito a estrutura daquela pessoa e até onde vai a sua disponibilidade, mas não fique muito tempo sem conversarmos no whats, a saudade já bate.
E se um ou outro não está bem, caímos juntos do precipício. Isso não me impede de criticar com voz mansa ou elogiar em tom mais firme aquela pessoa que gosto tanto.
São essas pessoas que jogam luz ao nosso passado e mesmo invisíveis, nos fazem rir sozinhos, feito bobos, daqueles momentos em que pensamos “como seria bom se estivessem por perto”.
Somos o amor que recebemos daqueles que estão em nossa volta, nada além disso.