De acordo com o filósofo político Noberto Bobbio a luta política é submetida a certas regras e o respeito a estas regras constitui o fundamento da legitimidade.
A tragédia grega-brasileira que instalou muros dividindo o Brasil em azuis de um lado e vermelhos do outro fez o Brasil perder a lucidez, enquanto EUA e Cuba fazem as pazes esquecendo o passado da guerra fria, nós da América Latina, parecemos ter entrado em rivalidades polarizadas sem fim. Enquanto os problemas econômicos-políticos só aumentam esquecemos de uma velha arma que possuímos, o diálogo. Somente pontes podem nos retirar deste abismo que não parece ter chão e nos levar de volta ao topo. Se continuarmos divididos, a canoa afunda.
Em tempos de escuridão, a Lei deve ser reta e ser a balança que pondera. Os juízes, não devem ser heróis nem vilões, mas juízes e a convulsão instalada deve encontrar respostas com o simples estudo na Constituição Federal de 1988.
Um dos insucessos da democracia é a ingovernabilidade, novamente diz Bobbio. Reflito, talvez a falta de governabilidade seja parte da crise que vivemos. A Câmara dos Deputados, fundamentalista e angustiada por seus projetos de poder não terem chegados aonde pretendiam em breve vota pela admissibilidade ou não do impedimento, o Senado pela condenação ou não. Muitos destes nobres congressistas são investigados pelas lava-jato e saudosos a um coronelismo da República Velha.
O fato é, o princípio da legalidade, o princípio constitucional limitador do poder punitivo estatal prevê um julgamento de acordo com o que está previsto na lei e nos seus limites, é nítido que ele não esta sendo respeitado. O impedimento será somente mais um capítulo da tragédia grega trazendo (mais) instabilidade aos 16 governadores estaduais que praticaram as pedaladas fiscais. Se o governo está ruim, deve ser julgado nas urnas, o fato da necessidade do Partido dos Trabalhadores dever um pedido de desculpas por seus erros não tira o mérito do abuso de poder trazido pelo impeachment pela não aplicação dos critérios dos “crimes de responsabilidade”.