Chuva com chuva, furacão chegando, treinos cancelados, brigas improváveis, acidentes e uma decisão em um simples lance. Enfim, a temporada de 2015 da F1 confirmou o que já era lógica desde o início da temporada. Lewis Hamilton, prodigio ingles da Mercedes, sagrou-se (enfim) tricampeão da categoria na tarde nublada de domingo último (25/10) em Austin, Texas (EUA), naquela que foi a mais emocionante corrida da temporada.
O inglês, que trocou o conforto da McLaren em fins de 2012 para ser a nova estrela na história da flecha prateada, teve uma temporada irretocável e, simplesmente, esperava apenas o carimbo para ser campeão mundial. Coisa que aconteceu no domingo diante de corajosos torcedores que ousaram acompanhar a corrida diante do tempo frio e nublado no deserto. E não saíram decepcionado, ainda mais que puderam presenciar a história sendo escrita. Afinal, Lewis é agora o único britânico a ser campeão duas vezes consecutivas. Algo que nomes celebrados como Jackie Stewart, Jim Clark ou Graham Hill conseguiram.
Mas a corrida para o titulo teve todos os ingredientes para não termos um campeão em Austin. Largando em segundo, Hamilton foi com tudo para cima do companheiro, Nico Rosberg, pole-position depois de um complicado treino embaixo de chuva. Valeu até um modesto toque logo na primeira curva depois da largada.
No entanto, o que parecia uma prova fácil para a Mercedes acabou virado guerra aberta contra a Red Bull nas primeiras voltas. Mesmo diante das incerteas que a equipe vive para 2016, Daniel Riccardo e Daniil Kvyat foram a forra e protagonizaram alguns dos momentos mais emocionantes do início da prova, com Riccardo protagonizando uma linda ultrapassagem sobre Hamilton e liderando a prova.
Só que, depois de um fim de semana maluco, nada poderia parar por ai. As trocas de pneus foram determinantes e, com a pista mais seca, a Mercedes recuperou a vantagem. No entanto, era Rosberg o lider do trem e tinha tudo para fazer valer a performance nos treinos.
Calado e recuperando posições, outro alemão ameaçava a ponta dos carros prateados. Era Sebastian Vettel, que discretamente galgava posições com a Ferrari e, com uma troca a mais que as Mercedes, tinha chances reais de vencer a prova. No entanto, num safety-car nas últimas voltas, por conta de uma escapada e acidente de Daniil Kvyat, Hamilton equiparou-se em equipamento a Vettel com uma parada e, logo, Mercedes e Ferrari estavam iguais novamente. Rosberg ainda estava a frente, com Hamilton em segundo e Vettel, que parou no mesmo safety-car, em terceiro. Esta combinação de resultados ainda não dava o tri a Hamilton. Eu disse bem, não dava…
Faltando muitas poucas voltas para o fim, Rosberg mandava na prova e tinha a vitória na mão, o que estragava a festa do companheiro de equipe. Mas uma escapada infantil de Nico em uma das curvas de Austin entregou de bandeja a vitória a Hamilton, que não teve mais nada a fazer senão correr para o abraço. Era o fim, com o carimbo de Rosberg.
Não foi o lance que esperava-se de uma decisão de um titulo tão morno, apesar de histórico. Mas Hamilton não tinha como escapar os lances felizes do destino. No pódio, a alegria de um emocionado Hamilton contrastava com a decepção de Rosberg, de cara amarrada e evidentemente decepcionado não apenas pelo erro bisonho, mas por toda uma temporada submissa e covarde diante do companheiro.
Nasr salva um pontinho para o Brasil, McLaren galga o sexto posto
Para os brasileiros, não foi a corrida perfeita. Bem longe disso. Com tantas emoções na prova o sumiço de Felipe Massa e Felipe Nasr nem foi sentido pelos que acompanhavam a prova. Massa mesmo teve a pior das atuações da temporada.
Felipe largava em sétimo, uma posição razoavelmente boa com toda a chuva dos treinos, mas sofreu toda a sorte de infortúnios com a Williams, rodando na largada e abandonando com problemas na suspensão voltas depois. Sem prejuízos internos, já que o companheiro de casa, Valtteri Bottas, teve o mesmo destino, a garagem dos boxes do time de Grove.
Ao menos, para não sair no zero, o Brasil ainda contou com a persistência de Felipe Nasr diante de um Sauber sem acerto e com vários problemas de aderencia. Alias, a aderencia foi um complicador para o brasiliense, que largou no fim do grid. Contando com algumas bolas divididas e abandonos, Nasr foi longe e conseguiu um bom nono lugar, no resumo da ópera. Um prêmio para tantos problemas sentidos.
No entanto, entre tantas bolas divididas e lances de emoção, a McLaren foi uma das grandes surpresas da prova. Mesmo com tantas bolas divididas, os bólidos de Working andaram bem e permitiram, em dado momento da prova, vermos Fernando Alonso e Jenson Button, respectivamente, em quinto e sexto. No final, apenas Button segurou o sexto lugar, já que Alonso não suportou a pressão dos demais pilotos, mesmo estando apenas ele com uma versão nova do motor Honda.
Os 10 mais – Corrida
1 Lewis Hamilton (Mercedes)
2 – Nico Rosberg (Mercedes)
3 – Sebastian Vettel (Ferrari)
4 – Max Verstappen (Toro Rosso-Renault)
5 – Sergio Perez (Force India-Mercedes)
6 – Jenson Button (McLaren-Honda)
7 – Carlos Sainz Jr. (Toro Rosso-Renault)
8 – Pastor Maldonado (Lotus-Mercedes)
9 – Felipe Nasr (Sauber-Ferrari)
10 – Daniel Riccardo (Red Bull-Renault)
ABN – Felipe Massa (Williams-Mercedes / Suspensão)
Os 6 mais – Campeonato
1 – Lewis Hamilton (327 – Campeão)
2 – Sebastian Vettel (251)
3 – Nico Rosberg (247)
4 – Kimi Raikkonen (123)
5 – Valtteri Bottas (111)
6 – Felipe Massa (109)
13 – Felipe Nasr (27)
O próximo encontro da F1 ainda é na América do Norte, desta vez na renovada pista de Hermanos Rodriguez, na volta do México ao calendário da categoria.
E não pense que o “campeonato acabou”, todos os detalhes você acompanha aqui no FAROL.