sexta-feira, 29 de março de 2024
20.8 C
Blumenau

F1: “Professor” e maior rival de Senna, Alain Prost completa 60 anos

 

O jovem e franzino Alain Prost daria os primeiros passos na McLaren, em 1980 (DeviantArt)
O jovem e franzino Alain Prost daria os primeiros passos na então decadente McLaren, em 1980 (DeviantArt)

 

No Brasil, ele ainda causa bruxismo raivoso em alguns que recordam dos duelos memoráveis, dentro e fora das pistas, contra Ayrton Senna. Na França, é lembrado como um herói responsável por colocar de vez o nome do país na história da F1. Mas, entre os fãs do esporte, é lembrado como “le professeur”, o talentoso e meticuloso piloto frances que conquistou quatro títulos mundiais e 51 vitórias, numa mistura de arrojo, perspicácia e inteligencia para derrotar os adversários. Estas são apenas algumas das facetas de Alain Prost, um dos maiores nomes da F1 e que nesta última terça-feira, completou 60 anos de idade.

Nascido na pacata comuna de Lorette, nos alpes franceses, Alain Marie Pascal Prost poderia ter seguido na vida o caminho de nomes como Platini, Giresse, Tressor e outros grandes jogadores do futebol do país que começavam a ascender na juventude. No entanto, a velocidade falou mais alto, e com uma carreira consolidada nas categorias de base ganharia a primeira chance na F1 em 1980, quando foi contratado pela McLaren para fazer dupla com o já veterano John Watson.

De primeira, a aparência franzina e o nariz protuberante foram os detalhes que mais chamaram atenção no jovem francês. No entanto, Prost mostrou que conseguia extrair leite de pedra em algumas boas atuações com os arcaicos M29 e M30. Infelizmente, a McLaren passava por um período decadente, eram os últimos anos de Teddy Mayer na equipe e a temporada de 1980 foi catastrófica para o time de Working. Assim sendo, Prost seguiu de mala e cuia para a Renault em 1981, em busca de desenvolver o talento demonstrado no campeonato anterior.

Na equipe da casa, Prost demonstra todo o potencial evidente, além de faturar as primeiras vitórias da carreira (a primeira na França, em 1981). No entanto, a confiabilidade do carro prejudica as performances do francês nos três campeonatos disputados pelo time amarelo-ovo, sobretudo em 1983, quando Prost chegou a Kyalami na liderança do campeonato, mas deixou o titulo escapar com problemas no carro.

Prost "navega" com a Renault em 1983. Apesar das boas temporadas, faltou confiabilidade ao carro francês (Motori Online)
Prost “navega” com a Renault em 1983. Apesar das boas temporadas, faltou confiabilidade ao carro francês (Motori Online)

Em 1984, Alain retorna a McLaren, que encontra-se em uma nova fase com a chegada dos motores TAG-Porsche e a experiencia do veterano Niki Lauda. A briga com o austríaco é o ponto alto da temporada e no final dela, no GP de Portugal, Prost é derrotado por apenas meio ponto por Lauda, que faturava o tricampeonato. Vale constar que o meio ponto é resultado da interrupção do GP de Mônaco por conta da chuva torrencial. A interrupção foi pedida pelo próprio Prost, que se tivesse completado integralmente o GP em segundo (como se previa) teria sido campeão em Portugal.

Mas a insistência vale a pena, e 1985 e 1986 são inesquecíveis para Prost. Ele conquista enfim os dois primeiros títulos da carreira, tornando-se, enfim, o primeiro francês campeão do mundo depois de anos de insistência e de várias tentativas de vários pilotos. Em 1985, a virada foi dentro do templo de Monza, contra o piloto da casa – Michele Alboreto, da Ferrari – que amargamente perdeu a chance de tirar a Itália da fila de títulos que perdura desde 1958. Já em 1986, mesmo com uma maquina inferior as Williams-Honda, Prost ganhou na inteligencia e na regularidade, depois dos percausos de Mansell e Piquet na Austrália, na decisão mais emocionante de todos os tempos.

Depois de um ano difícil em 1987, com os problemas de desempenho dos TAG-Porsche, Prost recebe na equipe duas novidades. A primeira, eram os magníficos propulsores da Honda, a outra, um novo companheiro que tinha tudo para ser campeão na F1 depois de anos demonstrando o talento enraizado. Era Ayrton Senna, que ao final de 1988 venceu o francês em uma disputa equilibradíssima, decidida praticamente no número de vitórias (oito de Senna contra seis de Prost).

Em 1989, a lua-de-mel com Senna se desfez definitivamente. Desentendimentos quanto a clausulas e acordos de cavalheiro tornou a amizade na rivalidade mais memorável da F1 em todos os tempos. O campeonato daquele ano terminou de forma azeda para a McLaren e sorridente para Prost. Na controversa batida com Senna no Japão, onde o francês faturou o terceiro título, beneficiado pela polêmica desclassificação de Senna.

Desgostoso na McLaren, Prost seguiu de Working para Maranello, onde a Ferrari o chamava para a difícil missão de trazer um campeonato mundial de volta ao feudo do Comendador Enzo Ferrari, algo que não acontecia desde 1979, com Jody Scheckter. A disputa da temporada contra o mesmo Senna foi travada na tensão e nos detalhes, mas novamente decidida em uma batida no Japão, desta vez a favor de Senna. Para 1991, Prost amargaria péssimos resultados e desempenhos a bordo da complicada Ferrari 643. As reclamações e criticas ferozes a “macchina” de Maranello renderam-lhe a demissão antes do fim da temporada.

Sem equipe para 1992, Prost ensaiou uma participação pela Ligier, mas tirou mesmo um ano sabático, retornando em grande estilo em 1993 no cockpit da poderosa Williams. Para quem achava o francês velho e sem mais ritmo para a F1, se surpreendeu logo de cara com a vitória em Kyalami, num belo duelo com Senna e o jovem Michael Schumacher. Ao fim da temporada, Alain sagraria-se, enfim, tetracampeão da categoria. Consolidando-se como um dos maiores de todos os tempos na F1.

Em 1993, a bordo da fabulosa Williams, o quarto título mundial (Reuters)
Em 1993, a bordo da fabulosa Williams, o quarto título mundial (Reuters)

Sempre ligado ao automobilismo, ainda retornaria em 1997 como chefe da própria equipe, construída a partir do espólio da Ligier. O primeiro ano prometia grandes coisas ao time graças ao bom desempenho de Olivier Panis e Jarno Trulli, porém a realidade se mostrou mais dura, com sequentes fracasso e problemas. O time fecharia em 2002.

Panis acelera o Prost em 1997. Apesar do bom começo, a realidade se mostrou bem mais difícil (Sutton)
Olivier Panis acelera o Prost em 1997. Apesar do bom começo, a realidade se mostrou bem mais difícil (Sutton)

Após isso, Prost sempre esteve ligado a defesa do GP caseiro, que atualmente está fora do calendário da F1 depois de passar por pistas como Clemont-Ferrand, Dijon, Paul Ricard e, por último, Magny-Cours. Atualmente, Prost trabalha juntamente a tradicional equipe Dams, comandando a divisão do time francês na Fómula E (e-Dams). A equipe conta no plantel com os franceses Sébastien Buemi e com Nicolas, filho do tetracampeão.

No comando da e-Dams, tendo sob a batuta o trabalho do filho Nicolas, na Fórmula-E (Reuters)
No comando da e-Dams, tendo sob a batuta o trabalho
do filho Nicolas, na Fórmula-E (Reuters)

Recordar Prost e os feitos memoráveis conseguidos por ele na categoria é quase como transcender o tempo, viajar em um único personagem a épocas tão diferentes da F1, mas tão semelhantes na emoção e no arrojo dos pilotos. Que até hoje ele causa em alguns “sennistas” uma má sensação, isso pode até ser verdade. No entanto, os feitos deste franzino e narigudo francês jamais serão esquecidos. Afinal, ele era “le professeur”, e as lições de um mestre ninguém esquece.

Rapidinhas:

– Não apenas a alegria pelos 60 anos de Alain Prost tomou conta dos noticiosos da F1 nesta terça-feira última na França e no mundo. Faleceu no mesmo dia, aos 73 anos de idade, o engenheiro e designer francês Gerard Ducarouge. Um dos mais consagrados nomes do país nas pranchetas e no desenvolvimento de bólidos, Ducarouge foi responsável por alguns dos mais célebres carros da F1 de todos os tempos, como o Ligier-Matra JS5, de 1976 (carro-bule ou Corcunda de Notre-Dame), os Matra do Mundial de Protótipos, o Lotus-Honda 100T de 1988, entre outros. Ducarouge também foi engenheiro da Lotus, trabalhando com Senna (1985 e 1986) e Piquet (1988). As causas da morte não foram divulgadas.

Gerard Ducarouge (de óculos) e Senna. Engenheiro francês morreu aos 73 anos (Motorsport)
Gerard Ducarouge (de óculos, no centro) e Senna. Engenheiro francês morreu aos 73 anos (Motorsport)

– E em 2015 também se celebra uma data muito especial no Brasil. Se ainda existisse, a equipe Fittipaldi, a única escuderia brasileira na F1 e a unica sul-americana na categoria, completaria 40 anos. A primeira largada da equipe foi no GP da Argentina de 1975, com o piloto e chefe da equipe Wilson Fittipaldi ao volante. Mais desta história você confere em breve aqui no FAROL.

Copersucar completa 40 anos da primeira largada em 1975 (Auto Garagem)
Copersucar completa 40 anos da primeira largada em 1975 (Auto Garagem)
+ notícias

Últimas notícias

- publicidade -

Mais lidas