Você que lerá esta matéria talvez não acredite em “volta dos mortos”, ainda mais em “ressurreição” no mundo da F1. Mas é isto mesmo. A imprensa especializada foi pega de surpresa nesta semana com a notícia que a Marussia, cuja lápide já havia sido cunhada no ano passado, encontrou um mecenas e pretende retornar à categoria a tempo para a abertura da temporada 2015, no GP da Austrália em março.
Segundo as informações correntes, a equipe deixará a administração judicial no próximo dia 19 deste mês após conseguir tecer um acordo com os credores, conseguindo estabelecer uma espécie de “parcelamento” das dívidas acumuladas. A equipe teria os bens restantes leiloados em janeiro, no entanto a venda dos equipamentos do então espólio foi cancelada por conta de “negociações avançadas” com um investidor disposto a reaver o time da morte dada como certa.
O esquema do acordo da Marussia parece confuso ao primeiro olhar. O investidor não é uma pessoa jurídica, mas uma CVA (Company Voluntary Agreement, ou “Empresa de Acordo Voluntário” em ingles). A equipe terá as dívidas pagas por meio de um acordo entre a companhia de capital fechado em crise e credores.
A CVA que administra as dívidas do time deve deixar a administração da equipe no dia 19 de fevereiro. Segundo um dos administradores da companhia, Morgan Rossiter, “A CVA está reestruturando o processo acordado entre os credores e a companhia, que permite uma virada na situação e a criação de uma solução viável de longo prazo para o time”.
O que deve ajudar a consolidação do acordo é o prêmio de R$ 122,5 (valor corrigido) que a Marussia tem direito pelo nono lugar na tabela dos construtores do ano passado. A equipe ainda espera a decisão da comissão da F1 que decidirá se o team poderá usar o carro de 2014 na temporada deste ano. Só o valor do prêmio abateu a dívida da equipe pela metade. Os dois pontos conquistado foram os primeiros da equipe e foram conquistados pelo francês Jules Bianchi no GP de Monaco. No entanto, Bianchi vive ainda as consequências do grave acidente sofrido no GP do Japão, com graves sequelas neurológicas.
Vale lembrar que, se permitida a participação na temporada, a equipe voltará a se chamar Manor, já que no ano passado o team perdera o patrocínio da Marussia Motors, o que fez a situação financeira da equipe ficar tão preocupante a ponto de se retirar das últimas três provas da temporada passada.
Se confirmada, a Manor será a décima equipe do grid. Ao menos por hora, pois a Force India, ainda em situação complicada, tem a participação no campeonato ameaçada. A equipe indiana comunicou que não participará também da segunda sessão de testes, no Autódromo da Catalunha em Barcelona (ESP) por conta do atraso na construção do carro.
Atualização (08/02)
As esperanças da Marussia/Manor em participar da temporada 2015 da F1 seguem acesas, embora há quem queira a ver fora do grid. A reunão do Grupo de Estratégia da F1 na última quinta-feira e as exigencias da FIA com relação ao carro da equipe não abateram o ânimo do team de trabalhar para estar no grid ainda no GP da Australia, em março.
O maior algoz do encontro, no entanto, foi a Force India. Mesmo enrolada em nebulosos problemas financeiros, o time indiano, por meio do vice-presidente e representante do team na reunião, Bob Fernley, vetou o pedido da equipe nanica alegando que a Marussia/Manor “não apresentou informações suficientes” sobre a situação em que se encontra.
No dia seguinte, tão logo recebido o golpe, o diretor-executivo do time, Graeme Lowdon, rebateu o veto, alegando que o pedido de aprovação junto ao Grupo de Estratégia fora feito já em dezembro e que não estava sendo solicitado nada na reunião. Vale lembrar que, a respeito da aprovação do Grupo de Estratégia, o pedido foi sinalizado como positivo em dezembro último, com a condição de que o bólido se adequasse ao novo regulamento previsto para esta temporada.
A Marussia/Manor está concentrada, primeiramente, em adaptar o modelo de 2014 as modificações das regras deste ano. Ao mesmo tempo, prepara o novo carro para o campeonato deste ano, que substituiria o bólido velho o mais rápido possível.
A permissão dada à época pelo Grupo de Estratégia valia igualmente para a Caterham. No entanto, a equipe anglo-malaia não teve a mesma sorte da rival de fundo de grid. Na última quinta-feira, enquanto a Marussia/Manor se animava com a possível volta, o team de Tony Fernandes anunciou que leiloará equipamentos para sanar dívidas com os credores que desde outubro do ano passado a levaram a crise irreversível.