quinta-feira, 18 de abril de 2024
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Era de você de quem Paulo Guedes falou

Um filme de boa qualidade necessita ser revisto para captarmos toda a sua contribuição para o cinema. Pelos mesmos motivos, um filme de péssima qualidade também necessita ser revisto. Em um país onde o bizarro está na presidência da república, barbaridades e canalhices são emitidas diariamente e são normalizadas pelas instituições. Acredite, a corrupção moral do atual governo não é normal. Dessa forma, é necessário rever as canalhices sem normaliza-las ou retira-las o seu significado assombroso.

Paulo Guedes denunciou que estava acontecendo uma festa na Disney. Com dólar barato, as empregadas domésticas faziam festas na terra do pateta. Primeiramente vamos concordar com o Ministro, é claro que muitas empregadas domésticas conseguiram ascensão social e, com seus próprios esforços, foram à Disney, exemplos não faltam. Mas de forma geral, será que a maioria das empregadas domésticas conseguiram fazer tal feito? Segundo dados do IPEA, a primeira década do século 21 foi marcada por uma expansão da classe média no Brasil. Uma das causas foi o fluxo de profissionais domésticos para outros setores. De acordo com a matéria, os profissionais que continuaram ganhando até um salário mínimo, caso dos trabalhadores domésticos, ficaram de fora do “boom” econômico.

Ministro da Economia Paulo Guedes - foto de Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ministro da Economia Paulo Guedes – foto de Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Então fica a pergunta, de quem Paulo Guedes estava falando? Acredito que Paulo Guedes estava falando de você, de mim. Ele estava falando de nós que ganhamos mais de dois salários mínimos e fomos beneficiados pela expansão da classe média. Éramos nós que conseguimos andar de avião pelos lugares e fazíamos uma festa danada com dólar acessível. Não nos enganemos, eles não querem os pobres e muito menos a classe média dividindo espaço no avião com eles. O dólar alto continua subindo mesmo com ação do Banco central. A escalada vai aumentar o preço dos alimentos, mas eles não vão sentir, a compra deles no supermercado continua a mesma.

Assim, mais uma canalhice foi proferida, mas não merece ser esquecida. Aliás, achei curioso o pedido de desculpas do ministro. Ele afirmou que “a mãe de seu pai também era empregada doméstica”. Eu confesso que me confundi, a mãe de seu pai? Por que não falou logo que era sua avó? Freud explica.

Felipe Gabriel Schultze
Felipe Gabriel Schultze
Formado em Direito, escreveu os livros 'Federalismo Brasileiro' e 'Sede de Liberdade'. Escreve sobre reflexos do cotidiano.
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