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Contribuições para a medicina: febre amarela

O Dr. Lazear deixou um mosquito infectado mordê-lo enquanto investigava a transmissão da Febre Amarela (Yellow Fever) em Cuba. Sua morte não foi em vão. Seu nome viverá na história daqueles que beneficiaram a humanidade.

Antes da Segunda Guerra Mundial, da descoberta da penicilina e de vacinas, muito mais soldados morreram de doenças infecciosas do que de feridas de combate. “O dever de um soldado é a defesa e muitos homens sentiram que a maior ameaça não se encontrava em navios de guerra ou tropas inimigas, mas em doenças”.

A COR DO BRONZE NÃO POLIDO - Na imagem um enterro militar durante a guerra hispano-americana (ocorrida entre abril a agosto de 1898 em Cuba). Enquanto 365 soldados americanos morreram em batalha, 2.500 morreram de febre amarela, na época chamada de a cor do bronze não polido. Foto: Philip S. Hench/Walter Reed Collection at the University of Virginia.
A COR DO BRONZE NÃO POLIDO – Na imagem um enterro militar durante a guerra hispano-americana (ocorrida entre abril a agosto de 1898 em Cuba). Enquanto 365 soldados americanos morreram em batalha, 2.500 morreram de febre amarela, na época chamada de a cor do bronze não polido. Foto: Philip S. Hench/Walter Reed Collection at the University of Virginia.

A FEBRE AMARELA NO BRASIL

Um jovem médico, que fez especialização no Instituto Pasteur de Paris, entre 1896 e 1899, destacava-se pela seriedade, competência profissional, e seria o maior expoente no controle da febre amarela no Brasil. Chamava-se Oswaldo Gonçalves Cruz. Quando assumiu como Diretor Geral de saúde pública, em 1903, conseguiu controlar a febre amarela (Yellow Fever) em 3 anos.

CÁTEDRA - Oswaldo Cruz ministra aula no laboratório de Manguinhos, observado por seu filho Bento Oswaldo Cruz e por Burle de Figueiredo. Foto: Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz).
CÁTEDRA – Oswaldo Cruz ministra aula no laboratório de Manguinhos, observado por seu filho Bento Oswaldo Cruz e por Burle de Figueiredo. Foto: Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Oswaldo Cruz conhecia o valoroso trabalho realizado pelo médico americano, Dr. Jesse Lazear em Cuba. O feito de Oswaldo Cruz foi mundialmente reconhecido e o Brasil pôde ficar livre da doença. A febre amarela é endêmica. O atual surto iniciou-se em dezembro de 2016 no estado de Minas Gerais. Em pouco mais de um ano confirmaram-se 266 mortes de pessoas ligadas ao vírus em municípios de nove estados, principalmente dos quatro estados da Região Sudeste. A doença avança, impulsionada por um Estado ineficaz que rejeita o exemplo de Osvaldo Cruz de seriedade e competência profissional.

DOENÇA ENDÊMICA - A febre amarela é endêmica. O atual surto iniciou-se em dezembro de 2016 no estado de Minas Gerais. Em pouco mais de um ano confirmaram-se 266 mortes. Na imagem paciente infectado por Febre Amarela. Foto: Org. Mundial da Saúde - OMS.
DOENÇA ENDÊMICA – A febre amarela é endêmica. O atual surto iniciou-se em dezembro de 2016 no estado de Minas Gerais. Em pouco mais de um ano confirmaram-se 266 mortes. Na imagem paciente infectado por Febre Amarela. Foto: Org. Mundial da Saúde – OMS.

CONTRIBUIÇÕES JUDAICAS PARA A MEDICINA

13 DE SETEMBRO – O Dr. Jesse Lazear, com 34 anos, se deixou morder por um mosquito nesta data em 1900 enquanto investigava a transmissão da Febre Amarela (Yellow Fever) em Cuba. Em menos de duas semanas ele estava morto, o que provou, como ele havia suspeitado, que o mosquito era fundamental para a transmissão da doença. A Febre Amarela foi uma praga anual no Sul dos Estados Unidos, trazendo icterícia, insuficiência hepática, sangramento maciço e morte quase certa para milhares de pessoas.

BENEMÉRITO DA HUMANIDADE - Dr. Jesse Lazear, seu esforço e coragem influenciou no Brasil o sanitarista Oswaldo Cruz. Imagem: Hospital Cedars-Sinai - Los Angeles/USA.
BENEMÉRITO DA HUMANIDADE – Dr. Jesse Lazear, seu esforço e coragem influenciou no Brasil o sanitarista Oswaldo Cruz. Imagem: Hospital Cedars-Sinai – Los Angeles/USA.

A doença era endêmica em Cuba, que os militares dos EUA conquistaram da Espanha em 1898. Uma equipe de médicos do exército americano encabeçados por Walter Reed retorna a Cuba para realizar experimentação humana com “voluntários” pagos para pesquisar o germe da Febre Amarela. Um médico cubano, Carlos Finlay, apresentou a teoria de que o mosquito era o transmissor da doença há duas décadas, mas não foi aceita até a morte de Dr. Jesse Lazear. Os americanos aceitam como fato comprovado e começam uma limpeza massiva e combate dos mosquitos em Cuba. No ano seguinte, apenas um cubano morreu da Febre Amarela e a campanha foi exportada para os EUA – o primeiro grande triunfo da saúde pública do século XX.

Um mural que mostra “Contribuições Judaicas para Medicina” no Hospital Cedars-Sinai em Los Angeles inclui um retrato do Dr. Jesse Lazear. Sua morte não foi em vão. Seu nome vive na história daqueles que beneficiaram a humanidade.

Sérgio Campregher
Sérgio Campregher
Sérgio Campregher é historiador pela Uniasselvi/Fameblu e fala sobre política nacional e internacional e curiosidades. Escreve de Blumenau.
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