sexta-feira, 29 de março de 2024
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Bósnia – Quando a Copa respira a história (de superação)

Bosnios na rua comemoram a passagem para a Copa no Brasil (R7)
Bosnios na rua comemoram a passagem para a Copa no Brasil (R7)

Fim de jogo, dois a zero no placar do templo futebolístico que comumente é chamado o estádio Mario Filho (Maracanã) no Rio de Janeiro.

Em campo, uma badalada Argentina acabava de bater de forma simples a única novidade da Copa de 2014. Em uma noite toda ela azul, subia ao palco do Mundial pela primeira vez em sua história recente a garrida seleção da Bósnia e Herzegovina. Apesar da derrota, estar num campeonato como a Copa do Mundo já é de todo uma vitória gigante para a vida ainda breve e perseverante deste pequeno país no coração dos Bálcãs.

Pequeno em território, grande em persistência, a Bósnia guarda em sua trajetória uma crônica sangrenta e dolorosa, que parece cada vez mais se apagar no corre-corre de seus habitantes. Ainda assim, marcas de tiros edificações em ruínas, túmulos e memoriais da capital, Sarajevo, e das cercanias de suas duas regiões administrativas (República da Bósnia, dos mulçumanos, a região dos croatas e a República Sprska, dos sérvios) não deixam esquecer do conflito contra o exército da antiga Iugoslávia, entre 1992 e 1995.

No entanto, se era para ser um “ranço eterno”, esqueceram-se de avisar isto para o futuro dos bosniacos. Depois da assinatura do Acordo de Dayton (1995), a Bósnia apenas queria ser livre enfim, assim como seus vizinhos nos Bálcãs, que já gozavam há muito tempo da independência tão sonhada. Por mais profundas as marcas, a população bósnia nos dias atuais segue procurando se juntar cada vez mais entre si na busca pela superação das feridas dos tempos de guerra.

Festa da Bósnia em Kaunas. Gol de Ibisevic fora de casa levou o país a sua primeira Copa (R7)
Festa da Bósnia em Kaunas. Gol de Ibisevic fora de casa levou o país a sua primeira Copa (R7)

União essa que varreu as ruas de Sarajevo no dia da tão sonhada classificação a Copa do Mundo. Uma conquista que há tempos batia na trave dos bosniacos há muito tempo. E veio longe de casa, na cidade de Kaunas, na Lituânia, onde uma vitória magra de 1 a 0 contra a seleção báltica garantiu o passe inédito. Um gol que fez se ouvir uma explosão diferente na capital bosniaca: A de felicidade de um povo que não dividiu sérvios, croatas, mulçumanos. Nem o narrador escapou.

No corte rápido, voltamos ao Maracanã a qual saímos no início desta crônica. La estão eles prontos, perfilados, ouvindo o hino de seu país e prontos para uma guerra saudável. Quis que o adversário – a toda-poderosa Argentina – também vestisse um azul, fazendo o campo de batalha se tornar ainda mais azulado numa noite de sábado. Não foi, infelizmente, a estreia que se desejava. Um gol contra, uma derrota e uma complicação apenas para desejar chegar mais longe nesta corrida mundial.

No entanto, foi dos pés de Ibisevic que saiu o primeiro gol da Bósnia em copas, quis o destino que fosse o mesmo Ibisevic, que colocou o país no Mundial, o responsável por este gol. Mas, muito mais que um tento ou uma vaga para as oitavas, a Bósnia segue sua caminhada em busca do futuro e de uma união nacional cada vez maior entre seus povos.

A diferença? Agora, os olhos do mundo olham com carinho e esperança para a tão querida Sarajevo.

O sorriso da torcedora bosniaca diante de um país que torce junto (R7)
O sorriso da torcedora bosniaca diante de um país que torce junto (R7)
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