quinta-feira, 25 de abril de 2024
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Black Friday

Eu não acredito na Black Friday, e mesmo assim caio nela todos os anos, como uma pata. Segundos antes da meia-noite que fará a transição da quinta para a sexta-feira dos supostos descontos e lá estou eu, nos meus sites favoritos, procurando tesouros que não existem. Especialmente se os tesouros tiverem páginas e forem comumente conhecidos como: livros.

Percebo a ironia de estar escrevendo esse texto logo depois de escrever um sobre anti-consumismo, na semana passada, mas não percam as esperanças: não houve Black Friday para mim. Passei longe do made in China e, na livraria que anunciou uma super sexta de preços reduzidos, encontrei só seis ou sete livros com desconto, nenhum que me apetecia.

Black Friday (DCUSA)
Black Friday (DCUSA)

Black Friday é algo que sempre me deixa fascinada: é como um delírio, ver as aberturas de portas de lojas, e aquele pessoal correndo e se pisoteando para descobrir quem vai colocar as mãos primeiro no produto X. Às vezes você nem sabe o que quer comprar; só quer comprar, para sentir que fez um bom negócio, mas um bom negócio de quê? Me assustam as brigas, a massa de gente avançando contra os vendedores (penso naqueles vendedores, no que estão sentindo, se estão suando frio e gritando por dentro), as filas, o choro. Ouço que tem quem espere pela Black Friday por um ano inteiro: começa ainda em janeiro a fazer a lista de coisas que quer, para quando chegar a data. Lá pelos Estados Unidos, é praticamente patrimônio nacional, mas aqui no Brasil? Não me parece funcionar, não sei se as lojas sacaram muito bem o espírito (aqui escrito com toda a ironia possível) e só me deparo com engodo. Me pergunto se era algo que realmente precisávamos importar: mais uma data para celebrar o simples ato de consumir. Mas uma data em que a loja faz de conta que está vendendo algo bom e que nós fazemos de conta que estamos lucrando. Mas é claro que acabaríamos importando, e só eu, pata que sou, que gosta de lamentar.

A Black Friday deste ano teve um único vencedor, para mim: meu pai. Depois de namorar um relógio de parede por quase um ano, um relógio de R$ 399, que queria ver na nossa cozinha renovada, encontrou-o, por acidente, custando 199. Promoção de Black Friday. Ele não perdeu tempo, e pegou o relógio e passou-o no caixa. Grande achado, me disse. Meu pai não é o tipo de pessoa consumista. Custa a comprar roupas, e quando o faz, é porque minha mãe manda. Como eu, é leal a seus eletrônicos, e capaz de fazê-los durar por anos, sem precisar dessa renovação constante que nos é imposta hoje em dia. O que me deixa mais feliz: nunca ficou em uma fila pelo lançamento do próximo iPhone, e acho que nem sabe mexer em um. Mas levou seu relógio, e é o que me deixou satisfeita nesta Black Friday que passou.

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