quinta-feira, 28 de março de 2024
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Airbus da Germanwings: O A320, os antecedentes e a Lufthansa

Airbus A320 da Germanwings. Apesar do histórico de acidentes, aeronave é conhecida pela segurança e eficiência (Airplane-Pictures.net)
Airbus A320 da Germanwings. Apesar do histórico de acidentes, aeronave é conhecida pela segurança e eficiência (Airplane-Pictures.net)

Nem bem o mundo ainda se recupera do baque sofrido na queda do Airbus da Air Asia, em 2014, e mais um acidente aéreo volta as manchetes dos grandes jornais e agencias de notícias pelo mundo. A tragédia com outro Airbus, desta vez o da Germanwings, coloca novamente a empresa francesa em evidência em mais um acidente envolvendo um dos produtos mais populares fabricados pela montadora.

O Airbus A320 voou pela primeira vez em fevereiro de 1987 e, ainda hoje, é um dos mais populares aviões comerciais do mundo, adotado por várias empresas aéreas em todo o mundo, inclusive no Brasil. No entanto, a incidência de acidentes com a aeronave entre várias companhias aéreas pelo mundo, sobretudo nos 10 anos, ainda não parece ter maculado a fama de bom avião do A320, considerado um dos mais seguros e eficientes do mundo.

Acidente do TAM 3054 em 2007. A pior tragédia da história da aviação brasileira foi com um A320 (Alex Silva / AE)
Acidente do TAM 3054 em 2007. A pior tragédia da história da aviação brasileira foi com um A320 (Alex Silva / AE)

Só no Brasil, por exemplo, a grande parte da frota de aviões comerciais da TAM e da Avianca Brasil são servidas pelos jatos franceses. A TAM, por exemplo é guarnecida por 88 A320 e tem encomendados mais 16 aeronaves idênticas. A Avianca Brasil opera 13 aeronaves do modelo e, em breve, a Azul também fará parte do “clube”, quando receber os primeiros das 35 aviões encomendados a Airbus. Da marca francesa, a empresa já conta com cinco modelos A330, em uma frota composta majoritariamente pelos Embraer 190 e 195, além dos franco-italianos ATR-42, fabricados pela Aerospatiale em conjunto com a italiana Alenia.

Para a empresa, o avião tem recordações nada boas, apesar da confiabilidade e da segurança. Foi um A320 da empresa paulista o responsável pela maior tragédia aérea do país, em 2007. O voo 3054 não conseguiu parar em tempo na pista lisa do Aeroporto de Congonhas, saindo do perímetro do aeroporto e acertando em cheio o deposito de cargas da própria companha, no outro lado da Avenida Washington Luís, que margeia Congonhas. No total, todos os 199 ocupantes do jato (180 passageiros e 19 funcionários da TAM) morreram, somando-se ainda mais 30 em solo.

A320 da própria Lufthansa após o acidente no aeroporto de Varsóvia, em 1993 (baaa-acro.com)
A320 da própria Lufthansa após o acidente no aeroporto de Varsóvia, em 1993 (baaa-acro.com)

Com o desastre do A320 da Germanwings, são 12 os acidentes que envolveram o jato francês na história. Entre empresas apenas da Alemanha é o terceiro registrado. O primeiro foi da mesma Lufthansa, em setembro de 1993, quando um A320 partido de Frankfurt teve problemas no pouso no destino final, o aeroporto de Varsóvia, na Polônia. Foi um acidente relativamente pequeno, com apenas dois mortos e 68 feridos.

A segunda ocorrência foi com um A320 da XL Airways Germany, que caiu no mar mediterrâneo, na costa francesa, matando os sete ocupantes do avião (cinco passageiros e dois tripulantes). Foi a última com este tipo de aeronave em uma companhia alemã até a desta terça última.

Lufthansa: O primeiro acidente no Brasil

Fundada em 1923 e reerguida em 1953, após a Segunda Guerra Mundial, a Deutsche Lufthansa AG é a principal companhia aérea alemã e uma das marcas de nota da aviação germânica pelo mundo. No início das operações utilizava as clássicas aeronaves Junkers JU52, responsáveis até por transportar Adolf Hitler durante a campanha para a presidência antes do putsch de 1933.

Junkers JU52, um dos primeiros aviões da Lufthansa (Airplane-Pictures.net)
Junkers JU52, um dos primeiros aviões da Lufthansa (Airplane-Pictures.net)

A empresa é um espelho da competência alemã, sendo uma das mais seguras do mundo para se voar, mas, assim como outras companhias aéreas, também passou maus bocados financeiramente, chegando a quase falir nos anos 90. Privatizada em 1997, a Lufthansa tem se modernizado e buscado se alinhar a pequenas companhias germânicas em busca de manter regular a rotação de passageiros. A Germanwings é uma destas empresas pertencentes a companhia e, assim como a “empresa-mãe”, também era um primor pela segurança dos voos.

O icônico Lockheed Super Constellation nas cores antigas da Lufthansa. Aeronave idêntica cairia no Rio de Janeiro, em 1959 (planespotters.net)
O icônico Lockheed Super Constellation nas cores antigas da Lufthansa. Aeronave idêntica cairia no Rio de Janeiro, em 1959 (planespotters.net)

No entanto, o histórico curto de acidentes da Lufthansa em si teve o Brasil como palco da primeira tragédia. Foi em janeiro de 1959, quando um Lockheed Super G Constellation da companhia caiu nas águas da Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro. A aeronave parou, após o impacto, na Praia das Flecheiras, há cerca de 500 metros da pista 014 do Aeroporto Santos Dumont (Galeão), onde deveria pousar.

O avião era oriundo de Dakar, capital do Senegal, e fazia viagem com destino a Buenos Aires (voo 502), capital da Argentina. Na tragédia, 36 dos 39 passageiros morreram, alguns pouco após a queda, surpreendidos por explosões dos destroços. As equipes de bombeiros no local não puderam fazer muito por conta do terreno onde o avião caíra, uma faixa da praia que, com uma breve chuva fina, se transformou em um grande lamaçal.

Cauda e destroços do Super Constellation da Lufthansa após o acidente na Baia de Guanabara, em 1959 (baaa-acro.com)
Cauda e destroços do Super Constellation da Lufthansa após o acidente na Baia de Guanabara, em 1959 (baaa-acro.com)

A causa da queda nunca foi solucionada, mas a causa do acidente foi atribuída ao cansaço do comandante responsável da aeronave, Wren Meyer Mac Mains, que teve de substituir as pressas o comandante do voo 502, que adoentara-se dias antes. Mesmo cansado da última viagem, Mac Mains assumiu o voo sem fazer o descanso obrigatório entre voos. Seria o primeiro acidente da história da Lufthansa.

Na França: tragédias marcantes

A França não via um acidente de grande porte na aviação como fora este desde julho de 2000. Naquele ano ocorreu uma das mais marcantes tragédias da aviação mundial, quando um Concorde da Air France pegou fogo no momento da decolagem no Aeroporto Charles De Gaule, em Paris. As chamas se alastraram rapidamente e, sem ganhar altitude, caiu alguns metros adiante, em um hotel na cidade de Gonesse. No total, 113 mortos, 109 do avião e quatro em solo.

Concorde da Air France. Explosão do tanque nº5 na decolagem causou o acidente, em 2000 (The Guardian / Reprodução)
Concorde da Air France. Explosão do tanque nº5 na decolagem causou o acidente, em 2000 (The Guardian / Reprodução)

A aeronave faria o trajeto clássico entre Paris e Nova York (voo 4590) e, no momento da decolagem o tanque nº5 do Concorde explodiu violentamente. Mesmo procurando pousar em um aeroporto próximo para um pouso de emergência, o piloto não conseguiu controlar a aeronave, que já perdia altitude por conta das chamas que se alastravam pelo avião. Mesmo com modificações de segurança, o Concorde viva os últimos anos nos ares, sendo retirado de circulação em 2003 por ser inviável financeiramente para as duas únicas operadoras de voos (Além da Air France, a Britsh Airways).

Estado em que ficou o Boeing 707 da Varig, após o pouco forçado nos arredores do Aeroporto de Orly, em 1973. 111 mortos (Wikimedia)
Estado em que ficou o Boeing 707 da Varig, após o pouco forçado nos arredores do Aeroporto de Orly, em 1973. 111 mortos (Wikimedia)

Outro acidente marcante em solo frances ocoreeu na década de 70. Em 1973, o Boeing 707 da Varig fazia o trajeto Rio de Janeiro – Londres (voo RG820), quando um incêndio nos banheiros do fundo do avião logo tomou conta do espaço dos passageiros. O piloto do avião, o habilidoso comandante Gilberto Araujo da Silva, evitou a tragédia maior pousando o avião numa plantação de cebolas nos arredores do Aeroporto de Orly, em Paris. Ao todo, dos 117 passageiros e 17 tripulantes (127 pessoas), 112 morreram e apenas 11 sobreviveram.

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