sábado, 20 de abril de 2024
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Afeganistão: um 2015 à própria sorte

(ISAF)
(ISAF)

Foram 12 anos de missão, e mesmo que pareça um final triunfal, a história continua incerta, conflituosa e confusa no mais perigoso país do planeta. Apesar do aparente alívio entre os conflitos em curso no mundo, o fim da missão de paz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no conturbado Afeganistão indiretamente acende a luz vermelha para o radicalismo do Talibã, principal força extremista do país, que já se posiciona como força politica para voltar ao poder.

O encerramento das atividades da OTAN foi marcado por uma cerimônia promovida no último dia 28 de dezembro em Cabul, capital afegã. “Juntos tiramos o povo afegão das trevas do desespero e demos a ele esperança no futuro. (as operações) Tornaram o Afeganistão mais forte e nossos países mais seguros”, afirmou o general John Campbell diante dos soldados de diversos países integrantes da OTAN que participaram da missão denominada “Apoio Decidido”, e procurou reestabelecer a ordem no país, reconstruir o exercito afegão e garantir a liberdade e o fim das tensões diante dos extremistas do talibã, governantes do povo afegão de 1992 a 2001, ano que marcou o início da operação.

Paquistaneses levam corpo de estudante morta em escola durante o último atentado do Talibã (Reuters)
Paquistaneses levam corpo de estudante morta em escola durante o último atentado do Talibã (Reuters)

O boom das operações ocorreu no início do século, quase que subsequente aos atentados de 11 de setembro. O Afeganistão era o refugio de Osama Bin Laden, que aquela altura era reconhecido como o grande herói do Talibã. Apesar de relativamente desaparecido, o grupo continuou em plena atividade tanto no Afeganistão quanto no Paquistão, onde promoveu atos violentos motivados por uma burra interpretação do Alcorão, um livro considerado “de paz” pelo próprio Papa Francisco. Entre os últimos atos praticados pelo grupo está o atentado a uma escola paquistanesa, onde 141 pessoas morreram, sendo 136 estudantes.

A situação politica do Afeganistão ao longo dos anos nunca foi de ser considerada um “mar de rosas”, tendo em vista que a nação vive constantemente equilibrando-se entre a normalidade e o extremismo. O período maior de confusão da vida afegã amplificou-se principalmente após a invasão soviética ao país, que durou dez anos (1979-1989) e que fora duramente criticada por toda a comunidade internacional.

Tropas soviéticas se retiram do Afeganistão, em 1989. Derrocada dos comunistas permitiu a ascensão do Talibã, em 1992 (Mikhail Evstafiev)
Tropas soviéticas se retiram do Afeganistão, em 1989. Derrocada dos comunistas permitiu a ascensão do Talibã, em 1992 (Mikhail Evstafiev)

De 1992 a 1996, os talibãs desferiram ofensivas militares que culminaram com a subida ao poder do grupo, voltando a vida dos afegãos a princípios extremistas e fundamentalistas. O governo do grupo terminaria em 2001, quando os EUA e os aliados da OTAN iniciavam a operação denominada “Apoio Decidido”, parte das políticas antiterroristas americanas e que investigou e prendeu acusados e suspeitos de atos terroristas no país.

Com o fim das operações da OTAN no país, o Talibã foi imediato em disparar que a missão fora um fracasso. “Consideramos esta etapa como uma indicação clara de sua derrota e sua decepção (…) Os Estados Unidos e seus aliados invasores, assim como todas as organizações internacionais arrogantes, sofreram uma derrota evidente nesta guerra assimétrica”.

Estados Unidos prometem manter o apoio aéreo e militar. Sera o suficiente contra os terroristas? (AP)
Estados Unidos prometem manter o apoio aéreo e militar. Será o suficiente contra os terroristas? (AP)

Para completar as apreensões sobre o futuro afegão, os ataques do grupo se intensificaram, tendo em 2014 um número de vítimas maior que 2009, o pior ano das missão. O Talibã também se nega a discutir termos de paz com o governo em Cabul, o que aumenta ainda mais a tensão sempre constante no país.

Até o fim do ano, o contingente atual das tropas americanas será reduzido a metade e até o fim de 2016 apenas uma tropa residual estará no país protegendo a embaixada em Cabul. Os EUA manterão o apoio aéreo e militar aos afegãos e poderão intervir em caso de avanço do Talibã. Mesmo com a garantia de qualquer apoio em emergências, o Afeganistão começa o ano de 2015 com muito mais incertezas do que nunca. O Talibã está a espreita, com as palavras sempre ignorantes de fundamentalismo, morte e intolerância, e a situação beligerante, que já era longe de terminar, pode ficar ainda mais distante.

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