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ABBA – Uma noite em 1974

O ABBA no Eurovisão, 1974. De Brighton para o mundo (swede-dreamz)
O ABBA no Eurovisão, 1974. De Brighton para o mundo (swede-dreamz)

Em uma noite de relativo calor numa cidade da Inglaterra acontecia mais uma vez a reunião da Europa em torno do que seria eleita a maior canção do continente no ano de 1974. O clima de festa e canção tomava conta de Brighton, um município litorâneo da costa sul britânica e que sediava naquele ano o famoso Festival Eurovisão da Canção. Recebendo no famoso teatro localizado no centro da cidade, alguns dos mais talentosos conjuntos, cantores e cantoras europeus daqueles tempos.

Entre os concorrentes, um quarteto formado por dois casais de namorados que começavam a despontar no cenário musical pop da Europa no início dos anos 70. O grupo vinha da pequena-grande Suécia, um país nórdico conhecido pela sua fantástica organização política, social e econômica. Contando também com um relativo destaque em esportes conhecidos como o futebol e o automobilismo da época.

Neste clima colorido dos anos 70, entre revoluções musicais, contestação e novas idéias, o ABBA entrava no palco num dia 6 de abril para se apresentar no famoso festival, e assim arrebatar ao grande público e ao exigente corpo de jurados. Começava da melhor forma – com uma vitória e a aclamação de todo um continente – a carreira do maior grupo Pop de todos os tempos, história que veremos em uma breve viagem no tempo, entre melodias, cores e a história irreverente de uma guerra e de um imperador francês.

O despertar de uma lenda Pop

O grupo ABBA, formado pelos casais Benny Anderson e Anni-Frid “Frida” Lyngstag e por Bjorn Ulvaeus e Agnetha Fältskog começou a trilhar o caminho da música juntos dois anos antes, em 1972.

Da esq. para dir. Bjorn, Agnetha, Anni-Frid (Frida) e Benny. Juntos para sempre na memória da música mundial (CNN)
Da esq. para dir. Bjorn, Agnetha, Anni-Frid (Frida) e Benny. Juntos para sempre na memória da música mundial (CNN)

Agnetha e Frida tinham antes do grupo um certo destaque no cenário musical do continente cantando em carreiras solo, já Benny e Bjorn tinham destaque em bandas conhecidas no cenário musical sueco, mas anônimas dentro da Europa. No intermédio desta roda estava o competente empresário Stig Anderson, fundador da Polar Music, em 1963, e que conduziria a máquina nórdica de Pop-Rock a um novo patamar.

Depois de encontros e desencontros, o grupo começou a encontrar o rumo certo do sucesso. Benny e Bjorn incorporaram em si o mesmo espírito de John Lennon e Paul McCartney e passaram a compor a maioria das canções do futuro quarteto. As primeiras apresentações agradavam ao público é era chegada a hora de vôos mais altos, para fora dos muros da Suécia, em busca da afirmação do que seria o ABBA anos mais tarde.

O Eurovisão de 1974

Brighton Dome, palco de uma noite inesquecível (divulgação)
Brighton Dome, palco da noite inesquecível (divulgação)

O Festival Eurovisão da Canção em pouco se assemelha com os tradicionais festivais musicais brasileiros dos anos 60 e 70. Era uma grande mistura dos mais variados ritmos de grande parte dos países da Europa. De canções tradicionais na língua-mãe como musicas Pop e Rock cantadas em puro inglês.

Começou a ser disputado em 1956, com apenas sete dos tantos países integrantes do bloco europeu. Em tempos de disputas, desavenças e renovação após a Segunda Guerra, um festival que congregasse os países europeus em torno da canção poderia ser considerado um tremendo desafio, e assim o era durante os anos, com várias entradas e saídas de nações e diversas polêmicas acerca de várias canções levadas ao concurso, e muitas delas vencedoras.

Em 1974, a sede escolhida “de improviso” seria a cidade litorânea de Brighton, ao sul da Inglaterra, que sucedia a Luxemburgo por conta de sua recusa a promover o festival dois anos seguidos. Para a edição daquele ano um país apenas estrearia entre os concorrentes – a Grécia – e a França ficaria ausente daquele ano, por conta da morte de seu presidente, Georges Pompidou, na semana do concurso.

O maestro Walldoff, roupa de Napoleão e uma guerra em prosa e verso (divulgação)
O maestro Walldoff, em prosa e verso (Divulgação)

Seriam 17 concorrentes, alguns deles conhecidos do público, com a jovem veterana Gigliola Cinquentti. A italiana trazia para o festival a canção “Sí”, que causaria um verdadeiro rebuliço no seu país, por poder influenciar um plebicito que decidiria sobre a revogação parcial – ou não – da lei do divórcio na Itália. Outra concorrente era a da casa, da ainda desconhecida Olivia Newton-John, que ficaria em quarto na pontuação final com “Long Live Love”.

Outra concorrente de destaque era a canção do português Paulo de Carvalho. Apesar de não ficar nem próxima do chamado “Top Five” do festival, “E Depois do Adeus” seria 19 dias mais tarde peça-chave na chamada “Revolução dos Cravos” em Portugal, como uma das senhas que determinavam o início da ação das forças armadas para tomar o governo do país.

Mas a noite era sueca. O ABBA se apresentaria e tudo parecia conspirar para o sucesso dos jovens e atrevidos suecos. Apresentados com um certo humor pela TV britânica (BBC), os jurados e o público se surpreenderam logo na entrada do maestro responsável pela condução da orquestra para a música do grupo. Sven-Olof Walldoff aparecia caracterizado de Napoleão, integrando o clima histórico que traria “Waterloo”, a canção.

Para quem não conhece a história, a Batalha de Waterloo foi a maior derrota do então todo-poderoso exercito francês, sob o comando de Napoleão Bonaparte, em 1815. A derrota para os exércitos inglês, holandês e prussiano decretou o fim da chamada “Guerra dos Cem Dias” e pôs um ponto final no império napoleônico.

E foi com um estilo Glam Rock que o ABBA, em roupas reluzentes fazia assim sua apresentação. Apesar de uma leve mostra tímida de Frida e Agnetha no vocal ambas mostravam sua perfeita sincronia vocal na apresentação da música. Uma verdadeira guerra em prosa e verso que surpreendentemente arrebatou o público, e colocou a Suécia no mapa da musica internacional.

Veja como foi:

Emplacando em paradas de todos os cantos do mundo, da América a Ásia, Africa e a própria Europa, o amadurecimento do grupo depois do festival foi constante e ainda atualmente os suecos são considerados franco-favoritos em várias edições do Eurovisão, tendo já conquistado, contando a conquista do ABBA, incríveis cinco títulos de melhor canção.

A merecida comemoração no fim do festival. Nascia uma lenda do pop (telegraph)
A merecida comemoração no fim do festival. Nascia uma lenda do pop (telegraph)

Louros conquistados, a festa não poderia ser diferente após a conquista. Uma nova banda acabava de nascer no cenário musical internacional. O nascimento do ABBA em papel passado acabava de ter, sob as melhores condições, sua data de nascimento definida: 6 de abril de 1974, em Brighton, Inglaterra, em um Eurovisão onde tudo deu certo, e a lenda ganhou vida. E a história de sucesso e revolução é conhecida até hoje e inesquecível para as futuras gerações.

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