segunda-feira, 14 de outubro de 2024
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A vida e o nosso olhar por ela

Mural del Gernika - Guernica (quadro) (Papamanila)
Mural del Gernika – Guernica (quadro) (Papamanila)

Talvez, um dos fatos mais sufocantes que precisam ser enfrentados durante a nossa existência, seja a conclusão de que a vida se resume, no fim das contas, em uma rotina pouco atrativa e extremamente incontroversa aos grandiosos sonhos adolescentes. Longe do glamour das redes sociais, a vida é abafada por tarefas rotineiras. Nossos dias são resumidos em manter as relações familiares e a realizar um bom trabalho na empresa em que trabalhamos, ou seja, a vida se resume em uma grandiosa jornada de sobrevivência.

A melhor forma de lidar com a sufocante rotina enfrentada por proletariados e pela pequena burguesia seja a necessidade de usar a filosofia Nietzschiana descrita no livro: “E assim falou Zaratustra”. De acordo com Nietzsche, o ser humano se desenvolve em três estágios, o primeiro deles é o camelo, que representa a sensação de dever e o fato de encarar os pesos da vida; o segundo estágio é o leão que significa o fato do enfrentar os problemas com a devida coragem; e a terceira transformação é Inocência da criança, que indica  um novo começo, um jogo, uma roda a girar por si mesma, um primeiro movimento, um sagrado dizer-sim.

Esta terceira transformação indicada pelo autor, pode mudar a perspectiva pela qual lemos o primeiro parágrafo deste artigo. Mudando a nossa visão e realizando uma releitura através do olhar da  criança, percebemos uma vida extremamente otimista em nossa volta. Sermos gratos por temos saúde o suficiente para enfrentarmos tais rotinas é um dever.

Certo dia, li um ditado budista o ensinamento que rege sobre o fato de uma pedra, vista por diferentes anglos pelo ser humano pode ter as mais variadas interpretações. Talvez, o último estágio da evolução humana seja mesmo a canção de Rita Lee, onde ela poetizava seu sonho de “viver em uma grande aldeia num eterno domingo”, mas claro, não é o que temos para hoje, o dever nos aguarda e como escreveu Jô Soares em suas memórias, uma das formas mais grandiosas de nos despedirmos da vida seja gravar em nossos túmulos: “Morreu de tanto viver”

Felipe Gabriel Schultze
Felipe Gabriel Schultze
Formado em Direito, escreveu os livros 'Federalismo Brasileiro' e 'Sede de Liberdade'. Escreve sobre reflexos do cotidiano.
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