De acordo com Sigmund Freud em seu livro “O mal-estar na civilização”, a felicidade é temporária e fortemente restringida pela formação humana. As fontes de felicidade usadas pelo homem são acessíveis, porém, não são seguras (como o sexo e o álcool). Tais fontes podem no futuro servir como um castigo para quem extrapolar seus limites . De acordo com o autor, a fragilidade dos vínculos humanos é um dos motivos que tornam a felicidade um objeto esgotável. Por fim afirma: a tendência de nos isolarmos das sensações desagradáveis do mundo não evita o sofrimento.
Podemos admitir que, em pleno século XXI, Freud estava, em parte, certo.
O mundo regido pelas máquinas, além de tornar mais angustiante do que nunca, parece provar de que é cada vez mais desafiador viver uma felicidade estável.
Mas há esperança. Há vida e há esperança.
Talvez, uma das respostas para vivermos a felicidade no real sentido da palavra seja a percepção sobre nós mesmos e sobre o todo, em uma espécie de sentimento oceânico. Tal sentimento,nos dá a percepção de que possuímos vínculos de comunhão com o mundo.
A vida não se resume a nós e nem aos nossos boletos. A vida é um grito silencioso de comunhão de ideias e de amor compartilhado entre aqueles que escolhemos estar perto de nós.
Viver uma existência solitária não é um bom investimento:a vida cobrará juros caros na hora da despedida. O nobre filósofo Nietzsche escreveu que a noção do “Eu” solitário é o fim de uma comunidade.
É diante do outro que nos encontramos. E é sobre o ilusório sentimento oceânico, que Freud rejeita, que transcendemos para uma eternidade com mares calmos e alegres.
Vale a pena passarmos pelos atropelos das relações humanas. No fundo, no fundo, com ou sem garantia,o que vale são os nossos vínculos de comunhão com o mundo.
