sexta-feira, 29 de março de 2024
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As armas que matam as mulheres

Por ciúme, uma discussão doméstica inicia-se. A criança brinca na rua e ouve disparos de tiros. Dois tiros disparados durante a discussão. Um choro, parecido com um uivo de desespero, é ouvido. O menino caminha para dentro de casa, com a coragem que sua camisa de super-herói transmite, a criança não sabe que a imagem que irá presenciar moldará o resto de sua vida. É com a inocência de uma criança que o jovem chega em casa e, sem entender o inexplicável, paralisa: sua mãe é vítima de feminicídio.

Por mais que uma arma de fogo seja objeto de desejo, as estatísticas não estão ao lado delas. Os homens, que consideram-se de bem e que necessitam de armas para defender suas famílias, precisam confrontar um dado alarmante, 60% das violências domésticas contra mulheres praticadas com armas de fogo terminaram em morte, contra 7% dos demais tipos de agressão. Segundo pesquisa do Datafolha de dezembro de 2018, 61% da população em geral e 70% das mulheres são contra a flexibilização da posse de armas. A Defensoria Pública de SC afirma categoricamente que o decreto de posse de arma pode aumentar número de feminicídios . As estatísticas estão claras como a água limpa, então, por que flexibilizar o porte de armas?

Em um país doente, a questão da violência é alarmante, mas sabe-se que não é correto terceirizar o problema, a violência é uma questão de estado e não do cidadão. Bradar por mais armas é expor as mulheres aos riscos do machismo.

Bianca Mayara Wachholz foi morta com um tiro na cabeça em Blumenau
Bianca Mayara Wachholz foi morta com um tiro na cabeça em Blumenau
Felipe Gabriel Schultze
Felipe Gabriel Schultze
Formado em Direito, escreveu os livros 'Federalismo Brasileiro' e 'Sede de Liberdade'. Escreve sobre reflexos do cotidiano.
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