sexta-feira, 19 de abril de 2024
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Eu vejo a vida assim…

Talvez, um dos fatos mais sufocantes que precisam ser enfrentados durante a nossa existência, seja a conclusão de que a vida se resume, no fim das contas, em uma rotina pouco atrativa e extremamente incontroversa em face aos grandiosos sonhos adolescentes que já tivemos um dia. Longe do glamour das redes sociais, a vida é abafada por tarefas rotineiras,nossos dias são resumidos em manter as relações familiares e a realizar um bom trabalho na empresa, ou seja, a vida se resume em uma grandiosa jornada de sobrevivência

Penso, nestes dias de reflexão, que a melhor forma de lidar com a sufocante rotina enfrentada por nós é através da filosofia Nietzschiana descrita no livro: “E assim falou Zaratustra”. De acordo com Nietzsche, o ser humano se desenvolve em três estágios, o primeiro deles é o camelo, que representa a sensação de dever e o fato de encarar os pesos da vida; o segundo estágio é o leão que significa o fato do enfrentar os problemas com a devida coragem; e a terceira transformação é Inocência da criança, que indica  um novo começo, um jogo, uma roda a girar por si mesma, um primeiro movimento, um sagrado “sim”.

Esta terceira transformação indicada pelo autor, pode mudar a perspectiva pela qual lemos o primeiro parágrafo deste artigo. Mudando a nossa visão e realizando uma releitura através do olhar da  criança, percebemos uma vida extremamente otimista em nossa volta. Sermos gratos por temos saúde o suficiente para enfrentarmos tais rotinas é um dever. Certo dia, li um ditado budista que rege sobre o fato de uma pedra, vista por diferentes ângulos pelo ser humano pode ter as mais variadas interpretações. Talvez, o último estágio da evolução humana seja mesmo a canção de Rita Lee, onde ela poetizava seu sonho de “viver em uma grande aldeia num eterno domingo”. Mas claro, a alternativa dada por Rita não é o que temos para hoje, o dever nos aguarda e precisamos sobreviver. Nesse eterno sobreviver, indico também viver. Viver os pequenos momentos e transformar os dias em sagradas gratidões, trocar a forma pessimista de ver as coisas e viver os nossos momentos da melhor forma possível; fazer jus a oportunidade de estarmos vivos hoje! De acordo com Jô Soares em suas memórias, uma das formas mais grandiosas de nos despedirmos da vida seja gravar em nossos túmulos : “Viveu de tanto morrer”

Felipe Gabriel Schultze
Felipe Gabriel Schultze
Formado em Direito, escreveu os livros 'Federalismo Brasileiro' e 'Sede de Liberdade'. Escreve sobre reflexos do cotidiano.
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