“Happy days are here again”
Dizia a frase-título de uma antiga canção americana escrita logo após a Grande Depressão da década de 30. É neste jubilo por novas esperanças que corre Nico Rosberg. Com a vitória no tempo caliente na Espanha, o alemão da Mercedes voltou a sorrir depois de começar a temporada de 2015 com uma “crise depressiva” diante da superioridade do companheiro de casa, Lewis Hamilton. No fim, a conquista do filho de Keke pôs nova vida num campeonato que tinha tudo para ser monótono.
E Rosberg não só convenceu na pista, como o fez com autoridade, como também o fez de ponta a ponta. Largou na ponta e disparou a frente, deixando que Hamilton se virasse as voltas contra a cada vez melhor Ferrari de Sebastian Vettel. O inglês campeão de 2014 voltou a sofrer com os mesmos males da afobação em alguns momentos, errando freadas e engordando curvas. Chegou em segundo, selando mais uma dobradinha para o time prateado. Mas encerrou o fim de semana tendo de rever a frase cunhada por ele que o maior adversário em 2015 era ele mesmo.
A Ferrari, novamente, voltou a andar bem, mesmo ainda demonstrando que falta alguma coisa para chegar a competitividade das Mercedes. Vettel largou bem e permaneceu grande parte da prova na segunda posição. Perdeu o lugar nas paradas e chegou em terceiro. Mesma posição que agora ocupa no campeonato. Já Kimi Raikkonen teve uma prova mais discreta, aparecendo mais no final disputando o quarto lugar com o compatriota Valtteri Bottas, que novamente mostrou talento diante dos problemas da Williams e justificou as especulações levantadas que ele será o sucessor do iceman na escuderia de Maranello.
Felipes sem sorte, McLaren segue evoluindo
Se sobrou arrojo para Bottas na batalha contra Raikkonen, para Massa o arrojo deu na conta para se recuperar de uma péssima posição de largada. Novamente sofrendo com os problemas da Williams, o brasileiro errou no Q3 de sábado, largou apenas em nono e passou a prova apagado, galgando posições suficientes para assistir a briga do companheiro com Raikkonen de binóculo. Terminou a prova em sexto.
Já o outro Felipe, o Nasr, viveu um fim de semana para esquecer. Sentiu pela primeira vez a falta de performance da Sauber em pistas mais velozes, terminando a prova apenas em 12º. Se faltou o ponto, fica o consolo de, mais uma vez, terminar uma prova a frente do companheiro, Marcus Ericsson, que continua aprendendo a correr em um carro “de verdade”.
E, falando em performance, a McLaren veio a Barcelona disposta a justificar a conversa de paciência pregada desde o início da temporada para o desenvolvimento do MP4/30. De pintura nova – em cinza-escuro e vermelho, mais invocada – e na casa do mais paciente dos pilotos, Fernando Alonso, o time de Working chegou a flertar com os pontos, mais ainda mostra-se longe do desempenho ideal. O espanhol abandonou diante da torcida, que já parecia anestesiada para a corrida fraca do bólido ingles. Mas Jenson Button fechou a prova na pista, em um discretíssimo 16º lugar.
Os 10 mais: Corrida
1 – Nico Rosberg (Mercedes)
2 – Lewis Hamilton (Mercedes)
3 – Sebastian Vettel (Ferrari)
4 – Valtteri Bottas (Williams-Mercedes)
5 – Kimi Raikkonen (Ferrari)
6 – Felipe Massa (Williams-Mercedes)
7 – Daniel Riccardo (Red Bull-Renault)
8 – Romain Grosjean (Lotus-Mercedes)
9 – Carlos Sainz Jr. (Toro Rosso-Renault)
10 – Daniil Kvyat (Toro Rosso-Renault)
12 – Felipe Nasr (Sauber-Ferrari)
Os 6 mais: Campeonato
1 – Lewis Hamilton (111)
2 – Nico Rosberg (91)
3 – Sebastian Vettel (80)
4 – Kimi Raikkonen (52)
5 – Valtteri Bottas (42)
6 – Felipe Massa (39)
9 – Felipe Nasr (14)
Rapidinhas:
– Salva de palmas respeitosas as ainda em desgraça Red Bull e Toro Rosso. Equipe-mãe e satélite seguem no calvário da falta de desempenho dos engenhos da Renault, mas propiciam algumas das mais empolgantes dividas de curvas e brigas de posição entre si e os demais carros.
– Em uma corrida um tanto monótona e tranquila como foi o GP da Espanha, não podia faltar um lance curioso para movimentar um pouco o fim de semana. E os responsáveis por isso foi, mais uma vez, a dupla “Faísca e Pinga-Fogo” da Lotus, que novamente protagonizaram lances estranhos na temporada. Maldonado viu o carro se desmanchar sozinho por duas vezes (a carenagem traseira na sexta e um dos suportes da asa traseira no GP) e foi, junto com Alonso, um dos a abandonar a prova.
– No entanto, foi de Romain Grosjean o lance mais cômico, ao literalmente atropelar o mecânico do macaco dianteiro da equipe. O lance rendeu risadas de todos, já que o infeliz funcionario teve que aplacar a dor do golpe com uma reconfortante bolsa de gelo nas “partes baixas”, onde o cabo do macaco bem acertou (sem duplos sentidos, por favor). Para não dizer que foi o único, Jenson Button também escapou de acertar um dos mecânicos da McLaren na hora da parada.
– E falando em Barcelona, este foi o 24º disputado no autódromo catalão, que recebe a F1 desde 1991. A primeira prova guarda até hoje uma das imagens mais icônicas e fabulosas da história da F1: A briga “olho no olho” de Ayrton Senna e Nigel Mansell, que, quase que encarando rodas, dividiram a briga pela segunda posição na reta de largada, à época a mais longa da F1. Veja abaixo e diga se não vale como uma obra de arte…
https://youtu.be/Mj6cBXHWclQ
O próximo encontro do circo é daqui há duas semanas, quando o moderno volta a se encontrar com o clássico naquela que é a mais importante e histórica corrida da F1: O Grande Prêmio de Mônaco, que dispensa maiores detalhes. Até breve!