sexta-feira, 29 de março de 2024
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Quero ser de verdade

As gentes, às vezes, na angústia de esconder o que bom não é acabam escondendo a si mesmas.

As gentes, às vezes, querendo mostrar seu sucesso diário acabam esquecendo de se mostrar na verdade.

As gentes, ás vezes, esquecem de sentir.

Eu gostaria muito de ir para casa junto com essas gentes, gostaria (muito) de desvendar os segredos dessas pessoas que agem meio mecanicamente, que possuem sorrisos não muito verdadeiros e que falam cordialmente sem colocar muito sentidos nas palavras. Me interessa, me interessa em saber como eles são dentro de suas casa, seus medos, anseios, como se portam sem querer passar nenhuma imagem a ninguém, como são de verdade.

Com as redes sociais percebo que todos estão com seus os melhores marqueteiros, querem desesperadamente, mostrar ao mundo o que há de melhor em si.

Porém, todavia, contudo, ás vezes quando as aparências gritam muito alto, eles (nós, por que não falar em primeira pessoa?) esquecem (os) de sentir.

O que é do ser humano existir sem sentir? Existir sem chorar? Existir sem berrar? Existir sem rir alto, cometer gafes, falar palavrões, ficar emburrado, perdoar e ser perdoado?

Ser isso tudo é normal mas escondemos os sentimentos, não conversamos sobre nossas fragilidades, defeitos e mágoas.

A vida se torna uma festa muito elegante e muito chata também, pessoas emplastificadas de reações conversam sobre tudo que significa absolutamente nada em termos de sentimento, tudo superficial.  É triste.

Às vezes, quando o assunto é demasiado sem nexo e reações são forçadamente controladas dá vontade de pegar o elevador e sair pela porta mais próxima, às vezes faço isso, é o passar do tempo que dá, devagar, algumas liberdades para alguém que não pretende se formar em relações públicas ou ser eleito miss simpatia.

A pergunta de: “como você está” é tão automática quando a resposta “bem” é dada, não faz muito sentindo perguntar e nem responder.

Defendo a verticalização das relações, não estou falando de hierarquia, mas sim dos sentimentos, das verdades.

Será que precisamos a (re) aprender a ser gente?

Quero ser de verdade.

Enquanto estiver na frente de outra gente quero aprender tudo sobre empatia, ler todos os manuais sobre como escutar melhor, ser especializado em conselhos, mestrado em respeito.

Na alegria e na tristeza, erros e acertos, quero ser de verdade.

Felipe Gabriel Schultze
Felipe Gabriel Schultze
Formado em Direito, escreveu os livros 'Federalismo Brasileiro' e 'Sede de Liberdade'. Escreve sobre reflexos do cotidiano.
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