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F-Indy: Depois de um dia em coma, morre o piloto Justin Wilson

(IndyCar)
(IndyCar)

Depois do automobilismo mundial chorar a morte de Jules Bianchi em meados de julho último, o esporte a motor lamenta mais uma perda um mês e seis dias depois. Foi confirmada nesta última segunda-feira (24/08), por volta das 22h15, a morte do piloto inglês da F-Indy Justin Wilson, de 37 anos. Ele havia entrado em coma depois de ser levado ao hospital Valle Health Network Cedar Crest, em Long Pond, nos Estados Unidos.

Justin disputava as 500 Milhas de Pocono quando foi atingido em cheio na cabeça uma parte da carenagem do carro do americano Sage Karam, que se acidentou no momento em que era líder da prova. A corrida, vencida pelo também americano Ryan Hunter-Reay, em si foi muito acidentada, sendo que apenas 12 carros chegaram ao final. O inglês, piloto da Andretti Motorsport, perdeu a consciência no ato e bateu na barreira de pneus no lado interno da curva.

Wilson com o carro da Andretti nos treinos em Pocono (IndyCar)
Wilson com o carro da Andretti nos treinos em Pocono (IndyCar)

No vídeo do acidente é difícil notar o momento que o pedaço da carenagem acerta o piloto. Veja como foi:

https://www.youtube.com/watch?v=P7EFP_wr2fo

Logo após o acidente, Justin foi transferido as pressas para o hospital de Long Pond, onde, em um comunicado divulgado pela própria Indy, ele já entrara em coma. A batalha contra a gravíssima lesão que sofreu durou até a noite de ontem, quando a morte foi decretada. “Como sabemos, a indústria das corridas é uma grande família. Vamos oferecer o apoio que eles precisam durante este período. Sua falta será sentida. Gostaria de agradecer em nome da família, da Indy e da Andretti, à equipe médica da Holmatro e aos médicos. Particularmente, a família de Wilson gostaria de agradecer aos colegas de pista dele”, anunciou Mark Miles, CEO da IndyCar, na nota divulgada.

Depois de uma carreira muito promissora nas categorias de base para a F1, Justin Wilson foi guindado ao circo maior em 2003, quando recebeu uma proposta da Minardi para ser companheiro de equipe do veterano holandês Jos Verstappen no time de Faenza. A contratação do piloto foi feita por meio de compra de ações, onde quem quisesse investir no promissor talento inglês podia comprar ações públicas que ajudariam a levantar o equivalente a £1,2 mihão, cerca de R$ 6,5 milhões.

Depois de corridas difíceis com a Minardi, Wilson é chamado pela Jaguar para as oito corridas finais em 2003 (AP)
Depois de corridas difíceis com a Minardi, Wilson é chamado pela Jaguar para as oito corridas finais em 2003 (AP)

Justin era o piloto mais alto em estatura do grid e da história da categoria, mas nada que melhorasse a performance pífia do carro. Mesmo assim, em três provas das 11 em que a dupla chegou ao fim, Justin chegou a frente de Verstappen. Este foi o motivador que o levou a Jaguar, substituindo o brasileiro Antônio Pizzonia nas últimas oito corridas de 2003. No GP dos EUA, ainda em Indianápolis (pista favorita nos tempos da Indy), Wilson chegou em oitavo e somou o único ponto na carreira na F1.

Depois da F1, Justin seguiu para a falida ChampCar (antiga CART) em 2008, vencendo o primeiro GP nos EUA em Detroit. No ano seguinte, foi chamado pela equipe Dale Coyne e, posteriormente, pela Dreyer & Reinbold, já na IndyCar, entre 2010 e 2011. Retornando a Dale Coyne em 2012, Wilson ficou no time durante três anos, vencendo corridas e ganhando destaque. Era versátil, além dos monopostos pilotava também carros de endurance e turismo.

Em 2011, pela Dreyer & Reinbold, os primeiros passos na Indy (Rodrigo Berton / Grande Prêmio)
Em 2011, pela Dreyer & Reinbold, ainda os primeiros passos na Indy (Rodrigo Berton / Grande Prêmio)

Em 2015, foi chamado pela Andretti para correr nas duas provas de Indianápolis da temporada (24º no GP, 21º nas 500 Milhas). Chegou a correr pela mesma equipe na F-E, no eP de Moscou, chegando em décimo. Voltu aos EUA e recebeu a chance de guiar o carro #25 da Andretti agora definitivamente a partir de Milwaukee. Foram quatro corridas até a fatal, no último domingo, em Pocono. Na Indy, foram três vitórias, 12 pódios (o último, na corrida anterior a Pocono, um segundo lugar em Mid-Ohio), uma pole e 2491 pontos em 119 corridas.

O irmão, Stefan Wilson, também é piloto e chegou a dividir cockpit com Justin em uma única corrida pela Dale Coyne. Foi em Baltimore, em 2013. Justin Wilson deixa esposa, Julia, e duas filhas (Jane, de cinco anos, e Jessica, de sete anos).

Cabeça: Golpe fatal

A última morte trágica na Indy foi em 2011, durate a prova no oval de Las Vegas, no encerramento daquela temporada. O também inglês Dan Wheldon regressava a categoria e participava de um desafio: Se chegasse em primeiro faturaria US$ 1 milhão. No entanto, em uma das relargadas, um grande acidente próximo ao fim da prova envolveu vários carros, entre eles o de Wheldon, que acertou a grade de proteção de cabeça para baixo depois de decolar da pista, causando a morte instantânea do piloto. Foi este acidente que fez a categoria revolucionar o design do carro, que atualmente é mais seguro, mas viveu neste domingo último o primeiro acidente fatal.

Dan Wheldon em 2011, posando como vencedor em Indianápolis daquele ano. Antes de Wilson, a última fatalidade da Indy, também em 2011 (IndyCar)
Dan Wheldon em 2011, posando como vencedor em Indianápolis daquele ano. Antes de Wilson, a última fatalidade da Indy, também em 2011 (IndyCar)

Voltando a F1, além do trauma de Jules Bianchi, outros três acidentes trazem lembrança de morte (ou preocupação) por uma lesão na cabeça. Felipe Massa foi vitima de um incidente deste tipo em 2009, quando foi atingido em cheio por uma mola solta da Brawn de Rubens Barrichello, durante os treinos do GP da Hungria. Com o golpe certeiro na area entre o casco e a viseira, Massa sofreu uma pequena lesão nos ossos próximos ao olho e ficou fora do restante da temporada. Para alívio, Massa não teve sequelas.

Em outro caso, outro brasileiro, Ayrton Senna, foi vitima também de um trauma craniano. O acidente do tricampeão em Imola, 1994, não o deixou com fraturas ou outros ferimentos. O que vitimou Senna foi o golpe (ou perfuração, não se sabe ao certo) da barra de suspensão da Williams, que se soltou do carro depois do impacto. O traumatismo craniano foi fatal e Ayrton, segundo consta, já estava morto na pista antes de ser transferido para o Hospital Maggiore, em Bologna.

Massa retirado do carro logo após o choque na barreira de pneus na Hungria, 2009. Ele perdera a consciência depois de ser acertado pela mola do carro de Rubinho (Hungarian Newspaper)
Massa retirado do carro logo após o choque na barreira de pneus na Hungria, 2009. Ele perdera a consciência depois de ser acertado pela mola do carro de Rubinho (Hungarian Newspaper)

Mas o caso mais trágico de um impacto na cabeça na F1 foi em 1977, no GP da África do Sul, em Kyalami. O piloto galês Tom Pryce, da Shadow, foi atingido em cheio por um extintor de incêndio, que estava nas mãos do assistente de pista voluntário Jansen Van Vurren. O choque foi a 270 Km/h e foi tão forte que chegou a tirar o capacete de Pryce no ato da pancada.

Jansen atravessava a reta de largada durante a prova com o equipamento para apagar o principio de incêndio no carro do companheiro de Pryce, o italiano Renzo Zorzi, do outro lado da reta dos boxes. Com o choque, Van Vurren teve o corpo dividido em dois e morreu na hora, Pryce também, por conta do golpe do extintor. O carro seguiu desgovernado, com o piloto galês morto no cockpit, por toda a reta. O Shadow ainda acertaria a Ligier do francês Jacques Laffite, e pararia apenas nas telas e no muro fora da pista. Tom Pryce tinha 27 anos.

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